O piloto do Cessna Citation VII do Bradesco que caiu na terça-feira (10) não reportou problemas ao controle de tráfego aéreo nem declarou emergência, apurou a Folha com pessoas ligadas à investigação, a cargo do Cenipa, órgão da Aeronáutica.
É algo inusual, segundo investigadores de acidentes aéreos. O avião voava próximo à altitude de cruzeiro –até chegar perto do solo, haveria tempo para a tripulação relatar pane que resultasse em perda de controle do avião.
Ainda faltam respostas, mas a cratera aberta em uma fazenda em Goiás indica que o avião colidiu com o solo em altíssima velocidade e em ângulo acentuado, o que sugere que a tripulação tenha perdido o controle da aeronave de maneira súbita –não se sabe ainda por quê.
Também é um indício de que ele não estava tentando aterrissar, o que seria comum a um avião com pane, mas sob controle da tripulação.
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EDUARDO CAMPOS
Outra pista que a cratera dá diz respeito ao estado dos destroços, muito fragmentados e concentrados em uma única área. Isso aponta para a hipótese de não ter havido explosão no ar -o que faria os destroços ficarem espalhados em um grande raio.
O tamanho da cratera e o fato de os destroços serem pequenos são características semelhantes às do acidente do avião que caiu com o candidato à Presidência da República Eduardo Campos, em agosto de 2014, em Santos. O relatório preliminar do acidente apontou que o piloto sofreu desorientação espacial perto de pousar e perdeu o controle do avião.
QUEBRA-CABEÇAS
A diferença era que o avião com Campos estava prestes a pousar quando caiu, enquanto o do Bradesco estava em altitude de cruzeiro quando desapareceu dos radares.
Os aviões eram da mesma fabricante, de famílias similares. O de Campos era um Cessna Citation 560 XLS; o do Bradesco, um Citation VII.
O quebra-cabeças para reconstituir os últimos momentos a bordo da aeronave dependerá de recuperar o CVR, sigla em inglês para gravador de dados de voz, que registra as conversas na cabine nas últimas duas horas.
O Citation não era equipado com o outro gravador que registra o comportamento do avião –chamado de FDR.
A meteorologia será levada em consideração pelos investigadores. O tempo em rota era bom, sem formações que pudessem colocar o voo em risco. O histórico dos pilotos também será verificado pelos investigadores da FAB.