Folha de S. Paulo


Vivendi aumenta participação na Telecom Italia a quase 20%

Balint Porneczi/Bloomberg
ORG XMIT: 152821303 A customer exits an SFR store, a mobile phone unit of Vivendi SA, in Paris, France, on Monday, Sept. 24, 2012. SFR is France's second-largest mobile-phone company, after France Telecom SA's Orange brand, and is the largest contributor to Vivendi's profit. Photographer: Balint Porneczi/Bloomberg ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Loja da operadora de Vivendi, em Paris; empresa irá aumentar participação na Telecom Italia

O grupo de mídia francês Vivendi elevou sua participação na Telecom Italia, reforçando seu controle sobre a operadora de telecomunicações italiana como parte de seus esforços para garantir novos canais de distribuição para seus produtos de vídeo e música.

A companhia sediada em Paris agora detém 19,9% da maior operadora italiana de telefonia fixa e móvel, depois de adquirir no mercado aberto ações que permitiram que elevasse sua participação anterior de 14,9%. Incluídas as ações compradas na terça-feira, a Vivendi gastou um total de 3,1 bilhões de euros para estabelecer sua participação.

"O novo investimento confirma a intenção da Vivendi de apoiar o grupo de telecomunicações em longo prazo e desenvolver suas atividades no sul da Europa", anunciou o grupo francês na terça-feira.

A Vivendi, presidida pelo bilionário industrial francês Vincent Bolloré, se tornou a maior investidora na Telecom Italia em junho, chegando aos 14,9% por meio de uma troca de ações com a operadora de telefonia espanhola Telefónica, como parte da venda pelo grupo francês de sua subsidiária brasileira de telecomunicações GVT, bem como de outras compras nos mercados de ações.

A mais recente incursão da Vivendi na Telecom Italia surge depois que o grupo francês abriu mão de ativos de telecomunicações, parte de uma estratégia para concentrar suas operações exclusivamente no conteúdo.

Em fevereiro, ela fechou acordo para vender os 20% que ainda detinha na operadora francesa de telecomunicações Numericable-SFR à Altice, companhia de TV a cabo muito aquisitiva, dirigida por Patrick Drahi, em uma transação de US$ 3,9 bilhões.

Com a venda da GVT, a Vivendi ficou com o Universal Music Group, a maior companhia mundial de música gravada, e a subsidiária de TV paga Canal Plus.

A mudança de direção comandada por Bolloré, que de seu posto como presidente do conselho vem mostrando envolvimento incomum com as operações da Vivendi, despertou questões.

Alguns analistas sugeriram que, além de garantir novos canais de distribuição, um dos motivos para elevar a participação pode ter sido o oportunismo: Bolloré, maior acionista da Vivendi com 14,4%, talvez tenha decidido apostar na onda de consolidação prevista para o setor europeu de telecomunicações, na qual a Telecom Italia seria um possível alvo.

Pessoas bem informadas sobre a Vivendi apontam também que ser a maior acionista da Telecom Italia garantia influência à empresa na cultura empresarial italiana, na qual os elos costumam ser estreitos. Isso permitiria que ela negociasse os melhores acordos com redes nacionais de mídia como a Mediaset, controlada pelo antigo primeiro-ministro Silvio Berlusconi.

Com mais de 10 bilhões de euros em reservas de caixa e ativos líquidos, a Vivendi está em busca de aquisições, e contempla com atenção companhias de mídia na África, de acordo com fontes financeiras conhecedoras do assunto.

Bolloré conhece bem aquele continente: o Bolloré Group, holding de sua família, opera portos e ferrovias na África. Mas as mesmas fontes financeiras afirmam que as avaliações generosas para essas empresas africanas podem ter desestimulado a Vivendi.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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