Folha de S. Paulo


Brasileiro exporta consultório sobre rodas para Estados Unidos e Colômbia

A ideia de criar um sistema de atendimento médico móvel surgiu em 2008, diante da falta de acesso à saúde nas periferias de São Paulo. No próximo ano, o modelo de consultório criado pelo médico brasileiro Roberto Kikawa, 45, será replicado fora do Brasil, com atendimento realizado em contêineres.

A partir de janeiro, os centros médicos de alta tecnologia desenvolvidos pelo Cies (Centro de Integração e Saúde) passarão a funcionar em Atlanta, nos Estados Unidos, e em Soacha, na Colômbia.

Os consultórios atenderão quatro especialidades, com foco não apenas no tratamento, mas também na prevenção.

Segundo Kikawa, o modelo tem grande potencial nos EUA, onde 40 milhões não possuem plano de saúde.

Renato Stockler/Na Lata
O gastroenterologista Roberto Kikawa em consultório de oftalmologia em São Paulo
O gastroenterologista Roberto Kikawa em consultório de oftalmologia em São Paulo

"Para nós, também é uma grande oportunidade. Quando se planta em um país como esse, se atrai mais possíveis investidores", diz o gastroenterologista.

Nos EUA, o modelo será operado por profissionais locais, com consultas em radiologia, cardiologia, oftalmologia e gastroenterologia. A princípio, serão realizados até cem atendimentos diários de segunda a sexta.

O projeto será feito em parceria com cinco organizações, entre privadas e religiosas, sem fins lucrativos.

Já em Sachoa, na Colômbia, o Cies será comandado por uma empresa privada fundada especialmente para o projeto e que receberá verba do governo para operá-lo.

"Há uma população vulnerável que não possui atendimento básico", diz Robert Sandoval, 24, presidente da transportadora Incoltanques e responsável por levar o Cies para a Colômbia.

A carreta atenderá as mesmas especialidades que o modelo desenhado para os EUA.

Kikawa também planeja levar o projeto para China, Haiti, Paraguai e África.

O Cies atraiu ainda a atenção dos indianos, mas a barreira cultural dificulta a aplicação do modelo. No país, há grande resistência nas comunidades carentes à ação de pessoas de fora da região.

"Nós queremos formar um grupo especial para trabalhar no projeto, adaptando o que funciona no Brasil para a realidade indiana", diz o líder da Fundação Saujanya Amit Gupta, 24, que esteve no Brasil para conhecer o Cies.

Vencedor do Prêmio Empreendedor Social, em 2010, realizado pela Folha com a Fundação Schwab, Kikawa diz que participar da rede ajudou a obter as parcerias.

"Quando se pensa em globalização do projeto, tem que se pensar em parceria. Aprendi com a Fundação Schwab que o empreendedor precisa saber usar muito bem as redes", afirma o médico.

No Brasil, o Cies atendeu mais de 700 mil pacientes em 32 municípios em sete anos e faz 34 mil exames por mês.

Em São Paulo, virou política pública no programa Rede Hora Certa.


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