Folha de S. Paulo


Brasil tem superavit comercial de US$ 10 bilhões até setembro

Com as importações caindo em ritmo mais que duas vezes superior ao das exportações, a balança comercial fechou setembro com mais um superavit comercial expressivo, de US$ 2,944 bilhões.

No acumulado em nove meses, o saldo comercial já está positivo em US$ 10,2 bilhões, o que levou o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) a aumentar sua projeção de saldo para o ano para valor próximo a US$ 15 bilhões.

Até então, o governo trabalhava com a expectativa de que a balança comercial fechasse um ano com um superavit de US$ 10 a US$ 12 bilhões.

"É um resultado fantástico, pois no ano passado tivemos deficit de US$ 4,5 bilhões", disse o ministro Armando Monteiro Neto (Desenvolvimento). Ele previu que, em 2016, o saldo deve chegar a US$ 25 bilhões.

O aumento do saldo comercial tem sido acompanhado por uma forte redução da corrente de comércio.

Queda nas importações ajuda balança - Balança comercial (em US$ bilhões)

CRISE E DÓLAR

De um lado, as importações têm despencado por causa da queda da demanda doméstica por bens e serviços estrangeiros, em meio ao desaquecimento da economia, além da alta do dólar.

Em setembro, as compras caíram 32,7% na comparação com o mesmo mês de 2014, para US$ 13,2 bilhões. Trata-se do menor nível para o mês desde 2009, quando o comércio sofria com a crise global.

O valor das exportações, por outro lado, tem sofrido com a redução dos preços das principais commodities, principalmente minério de ferro e soja. O movimento reflete a desaceleração da China e, no caso da soja, uma sobreoferta do produto no mercado internacional.

Saldo da balança comercial - Em US$ bilhões

Os preços dos produtos manufaturados também têm caído, mas, nesse caso, as causas não são tão claras.

Em valor, as vendas externas encolheram 13,8% no mês, somando US$ 16,1 bilhões. No ano, a queda acumulada é de 16,3%. O fraco desempenho ocorre a despeito de o volume físico de exportações estar crescendo.

Por bloco econômico, as vendas para a China foram as únicas que apresentaram alta, de 23%.

O ministério afirmou que o desempenho foi influenciado pelo embarque de uma plataforma de petróleo, no valor de US$ 394 milhões.

Quedas de exportações acumuladas no ano - Em %

Quedas de importações acumuladas no ano - Em %

AJUSTE EXTERNO

No período janeiro-setembro de 2014, o país registrava um deficit em sua balança de US$ 742 milhões.

A virada no saldo comercial tem contribuído para o rápido ajuste das contas externas brasileiras, o que reduz a dependência do país de capitais estrangeiros.

Impactado também pelo recuo de outras despesas, como com viagens internacionais e remessas de lucro, o chamado deficit em transações correntes deve fechar o ano em 3,7% do PIB, segundo estimativas feitas pelo Banco Central.

Em dezembro de 2014, esse deficit era de 4,2% do PIB.


Endereço da página:

Links no texto: