Folha de S. Paulo


Bancos devem receber propostas por fatia de Viracopos da UTC

O grupo UTC, um dos principais envolvidos na Operação Lava Jato, começa a receber nesta quinta-feira (17) propostas de interessados na compra de seu ativo mais valioso, a fatia de 23% no aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP).

O processo é conduzido pelos próprios bancos aos quais a UTC deve cerca de R$ 1,3 bilhão. A intenção é usar o dinheiro para abater parte dessa dívida e alongar o vencimento do restante.

Colocada à venda num momento de crise, a participação no aeroporto recebeu avaliações que vão de R$ 300 milhões a R$ 450 milhões.

O empresário Ricardo Pessoa, um dos principais delatores do esquema de corrupção na Petrobras, está participando diretamente das negociações.

Réu em dois processos, ele foi autorizado pela Justiça a ficar fora de casa das 7 horas às 22 horas para trabalhar —mas precisa usar tornozeleira eletrônica o tempo todo.

Pessoa avaliará as propostas que vierem a ser apresentadas nesta quinta (17) pelo consórcio dos bancos Bradesco, Itaú, Santander e Banco do Brasil. Principais credores da UTC, eles ficaram encarregados de ir atrás de potenciais interessados em Viracopos.

Preso por cinco meses até abril, Pessoa assistiu da cadeia sua empresa encolher fortemente. Nos últimos dez meses, o grupo demitiu metade dos 30 mil empregados que tinha no final do ano passado, devolveu imóveis para economizar no aluguel e se desfez de negócios menores.

EXPANSÃO ATRASADA

Além da fatia em Viracopos, cuja obra de expansão está atrasada, mas espera-se que seja concluída até o fim do ano, a UTC é sócia da Linha 6 do metrô de São Paulo.

A participação no empreendimento poderia ser usada como garantia do pedaço da dívida que viesse a ser alongado.

Como todas as empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato, a UTC está com a corda no pescoço: não consegue crédito novo nos bancos, enfrenta atrasos de pagamentos no setor público e não fecha novas obras.

A Engevix vendeu participações numa empresa de energia e nos aeroportos de Brasília e Natal para pagar dívidas. A OAS e a Galvão Engenharia estão em recuperação judicial.

Pessoa foi aconselhado a seguir o mesmo caminho, mas recusou a alternativa.


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