Folha de S. Paulo


Consultorias ficam mais pessimistas sobre economia em 2016

Economistas começaram a rever suas projeções para o desempenho da economia do país no próximo ano.

De oito consultorias consultadas pela Folha, cinco revisaram as expectativas do PIB (Produto Interno Bruto) de 2016. As projeções variavam de alta de 0,4% à queda de 0,5%. Agora, são todas de queda, de 0,5% a 1,4%.

O motivo mais citado para a mudança é o impacto da desvalorização do câmbio sobre a inflação, o que pode adiar o início do corte dos juros básicos (Selic) previsto para o ano que vem.

Outro fator é a falta de confiança do empresariado, que afeta a retomada dos investimentos (que encolhem há oito trimestres consecutivos).

"O pior de tudo é que a incerteza política se agrava e isso joga as expectativas de investimentos ainda mais para baixo", disse Sérgio Vale, economista da MB Associados, que passou a prever queda de 1,4% do PIB em 2016.

Ao cortar a nota de crédito do Brasil, a Standard & Poor's reduziu —em efeito cascata— o rating de 24 empresas e 12 bancos, incluindo a Petrobras. Com a classificação pior, as emissões de títulos de dívidas das empresas tende a ficar mais caro.

Segundo Fábio Silveira, economista da GO Associados, essa foi uma das razões da revisão da projeção de PIB de 2016, de alta de 0,5% para queda de 0,5%.

"O corte do rating afeta o custo de financiamento externo e doméstico de governo, empresas e consumidores", escreveu Silveira, em relatório a clientes.

No banco Safra, a previsão de retração do PIB passou 0,5% para 1%.

O GOVERNO E O FUTURO

André Perfeito, economista da Gradual, revisou a projeção de alta de 0,4% para queda de 0,6% em 2016. O rating do Brasil influenciou, mas a razão principal da mudança foi do cenário econômico no exterior.

"Acredito que muito [do corte do rating] já está no preço. Mas tudo pode mudar se o Banco Central e o governo errarem a mão na condução da crise", disse Perfeito.

Por ter o corte incorporado na projeção, o banco ABC Brasil manteve sua expectativa de queda do PIB de 2016. O banco Haitong (antigo Espírito Santo) e Bradesco também mantiveram inalteradas suas projeções.

Nenhum dos economistas consultados pela Folha nesta sexta-feira (11) incluía no cenário a perda do mandato pela presidente Dilma Rousseff, seja por impeachment ou renúncia.


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