Folha de S. Paulo


Bolsa em dólares tem o menor preço desde 2005

Marcelo Justo/Folhapress
 Mercado financeiro: há quem acredite ser temerário montar perspectivas para a Bolsa de Valores; mas provavelmente haveria menos investidores arriscando no mercado de ações se não houvesse alguns mecanismos que permitem prever o comportamento do mercado
Turbulências nos mercados levaram ações de empresas brasileiras aos menores preços em dez anos

A desvalorização do real e as turbulências nos mercados globais levaram ações de empresas brasileiras aos menores preços em mais de dez anos, quando apenas começava o último ciclo de alta nos preços das commodities.

Em dólares, as ações da Petrobras, por exemplo, foram negociadas nesta quinta (3) pelo menor valor desde agosto de 2004, dois anos antes das principais descobertas do pré-sal fazerem a estatal figurar entre as cinco maiores petrolíferas do mundo.

Papéis preferenciais (sem direito a voto) da estatal valiam ontem US$ 2,32. Os da Vale estão valendo US$ 4,03, o menor valor desde os US$ 3,97 de junho de 2005, segundo a consultoria Economatica, que considera o dólar Ptax (média do Banco Central).

DÉCADA PERDIDA - Ações da Petrobras em dólar voltam aos preços de antes?do boom de commodities

Entre as ações brasileiras, apenas as dos bancos Bradesco e Itaú, que também tiveram forte baixa nos últimos meses, estão com valores em dólares compatíveis com aqueles de março de 2009, logo após a crise global.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira pontuaria, em dólares, o equivalente a 12.544 pontos. É o patamar que o índice, principal termômetro dos negócios com ações, estava em agosto de 2005, três anos antes de o país obter o selo de bom pagador das agências de risco.

O valor das ações brasileiras ficou tão depreciado em dólares que uma parte do mercado enxerga uma oportunidade para comprar papéis na baixa (veja ao lado).

RISCOS

O problema é quanto tempo o investidor terá que manter os papéis antes que eles voltem a subir o suficiente para superar o rendimento que os mesmos recursos teriam se aplicados em renda fixa, que tem menos risco e rentabilidade próxima à da Selic.

A taxa básica de juros está em 14,25% e deve se manter alta por um bom tempo.

Pela frente, os analistas veem também uma série de riscos para os preços das ações, como a alta de juros nos EUA, desaceleração da economia na China, perda do selo de bom pagador e uma eventual saída do ministro Joaquim Levy (Fazenda).

Entre os que apostam na recuperação está a Empiricus Research, que no ano passado causou polêmica ao falar do "fim do Brasil" diante das perspectivas que vislumbrava para a economia neste ano. Para Felipe Miranda, sócio da consultoria, chegou a hora de "comprar Brasil" pelo simples motivo de que "muito pior não pode ficar".

Os pessimistas acreditam que o mercado subestima a depreciação das commodities e o impacto da desaceleração da China. Marcelo Ribeiro, sócio da Pentagono, acredita que o Brasil vai permanecer estagnado até 2025.


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