Folha de S. Paulo


Analistas temem impacto chinês na atividade econômica global

Mo Yu/Xinhua
(141015) -- CANGZHOU, octubre 15, 2014 (Xinhua) -- Un consumidor selecciona frutas en un supermercado, en Cangzhou, de la provincia de Hebei, en el norte de China, el 14 de octubre de 2014. El crecimiento de la inflación al consumidor en China ralentizó un 1.6 por ciento en comparación de la espectativa de mercado en septiembre, la más baja desde enero de 2010, según un informe publicado en la página oficial de la Oficina Nacional de Estadística. (Xinhua/Mo Yu) (rhj) (rt)
Um consumidor chinês seleciona frutas em um supermercado

Após a inesperada decisão do governo chinês de desvalorizar sua moeda, o yuan, o pânico inicial dos mercados financeiros deu lugar à cautela.

Permanece, porém, a preocupação de que a desaceleração da segunda economia do mundo é mais aguda do que se pensava.

Analistas voltaram a se perguntar se é hora de reduzir as projeções de crescimento global para este ano por conta de um enfraquecimento chinês mais acentuado.

Em relatório divulgado na terça (18), a agência de rating Moody`s, previu que o PIB (Produto Interno Bruto) mundial deve ter crescimento baixo neste ano, principalmente em consequência do esfriamento da economia chinesa.

A costumeira falta de transparência das autoridades chinesas deu margem a uma série de especulações sobre os motivos reais da mudança na política cambial de Pequim.

Uma das mais frequentes foi de que seria uma forma de estimular o setor de exportações, um dos principais motores de seu crescimento econômico nas últimas décadas.

A opacidade também gerou rumores de que novas desvalorizações estariam a caminho, o que por enquanto não se concretizou.

"Não espero novas desvalorizações drásticas", disse à Folha o economista Damien Ma, pesquisador do Instituto Paulson, em Washington.

"O banco central [chinês] deixou claro que quer uma moeda estável e que a ação foi isolada. Toda essa narrativa de guerra cambial é um exagero".

MOEDA GLOBAL

Para ele, a mudança da política cambial para um regime mais flexível e sujeito às taxas do mercado, faz parte do desejo do governo chinês de ver o yuan integrado à cesta dos Direitos Especiais de Saque (SDR, na sigla em inglês), a "moeda" internacional do FMI, composta atualmente do dólar americano, do euro, da libra esterlina e do iene.

O FMI decidirá sobre a inclusão do yuan na cesta em novembro.

David Dollar, ex-emissário do Tesouro americano para a China, acredita que há pessimismo excessivo em relação à economia chinesa e que não há motivos para duvidar que a meta de crescimento do PIB estabelecida por Pequim para este ano, em torno de 7%, será atingida.

Na opinião de Dollar, do centro de estudos Brookings Institution, o ajuste cambial foi basicamente uma medida "técnica".

Ele acha que a reação mundial negativa deveu-se em grande parte a um tropeço das autoridades de Pequim na execução da reforma.

"Criou-se a percepção de que a economia chinesa está bem pior do que parecia. As autoridades criaram essa confusão. A Bolsa de Nova York, por exemplo, despencou, mas agora já se recuperou", disse Dollar à Folha.

Embora acredite que a economia chinesa de forma geral "vai bem", Dollar entende que as quedas nas Bolsas nos últimos dias refletem um sentimento de que haverá um impacto negativo no crescimento global neste ano, reforçado pela desvalorização das moedas em outros países asiáticos, como Vietnã, Coreia do Sul, Malásia e Cazaquistão.

A mudança da política cambial é um dos elementos das reformas econômicas do governo chinês, que tem entre outros objetivos dar mais espaço às forças de mercado.

"NOVO NORMAL"

A transição para um modelo voltado para o consumo e menos centrado em investimentos e exportação foi batizada pelo governo chinês de "novo normal", em que há crescimento econômico menor, porém mais sustentável.

Isso significa uma desaceleração em setores que antes eram a locomotiva da economia chinesa, como construção e indústria pesada, enquanto outros crescem acima da média, como serviços e internet. Para a economia mundial, isso exige uma adaptação ao "novo normal", afirma Damien Ma, principalmente grandes exportadores de commodities, como o Brasil.

"Os mercados gostam dessa ideia abstrata de uma reforma bem-sucedida da economia chinesa, mas não gostam do processo necessário para chegar até lá, que é volátil, desordenado e confuso", diz Ma.


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