Folha de S. Paulo


Pequenos negócios de música faturam ao incluir crianças em seu público-alvo

Antes voltados aos adultos, escolas de música e casas de show descobrem o potencial de serviços para o público infantil.

No espaço musical JazzB, no centro de São Paulo, as tardes de sábado são organizadas para receber famílias com filhos pequenos e um público que não se incomode com o choro de bebês.

O projeto existe há dois anos e leva o nome de JazzBB. Nas matinês, há um almoço e uma apresentação musical voltada para adultos, mas com adaptações para agradar as crianças.

Eduardo Knapp/Folhapress
Giovana, 2, conhece um trombone na casa JazzB, em SP, ao lado da mãe Luciana Botelho
Giovana, 2, conhece um trombone na casa JazzB, em SP, ao lado da mãe Luciana Botelho

O repertório pode incluir jazz tradicional e versões de músicas de outros gêneros. Em geral, a bateria dá lugar a sons mais suaves, como os do piano e da flauta. Ocasionalmente, há apresentações de artistas mirins.
Mariano Levy, 37, sócio da casa, conta que teve a ideia depois do nascimento da filha, hoje com quatro anos.

"Minha vida social mudou completamente. Percebi que não havia um espaço para ouvir música e levar filhos pequenos. Identificamos essa oportunidade e o público respondeu bem", diz.

Levy relata que, inicialmente, o JazzBB era realizado com uma frequência menor, apenas um sábado por mês, mas decidiu torná-lo semanal para evitar dúvidas em relação às datas. Segundo o empresário, outra razão foi a adesão do público em geral.

Os pequenos gostam de ver os instrumentos de perto, afirma Levy.

O valor da entrada, que nas apresentações noturnas é de R$ 35, cai para R$ 20 nas tardes de sábado. Crianças até 10 anos não pagam e as entre 10 e 16 anos pagam metade.

O proprietário relata que a capacidade da casa, de 120 pessoas, é reduzida pela presença de carrinhos de bebê e cadeiras para crianças.

"Nosso faturamento está estável, mas o público está crescendo e volta com regularidade. Nosso objetivo não é ter grandes margens de lucro, mas uma apresentação instrumental com a casa cheia", afirma.

FRANQUIA

Na escola de música Academia do Rock, em Curitiba, no Paraná, um quarto dos alunos têm idades entre 5 e 15 anos.

Murilo Dalsenter, 29, sócio da empresa, afirma que as crianças são parcela importante dos clientes desde a fundação, há quatro anos.

"As crianças participam ativamente e, no final do semestre, organizamos uma apresentação para as famílias, para que se sintam estrelas do rock", afirma.

Dalsenter conta que trabalhava em uma corretora de valores até decidir transformar sua paixão por música em negócio.

Ele aposta na especificidade para se diferenciar da concorrência e atrair clientes: a escola ensina apenas rock e seus subgêneros.

Segundo o empresário, a instituição tem mais de 300 alunos, que pagam mensalidades de ao menos R$ 300. Em dezembro, será inaugurada a primeira franquia da escola, também em Curitiba.

"Estamos negociando uma expansão para outros Estados, como São Paulo e Santa Catarina, e para o interior do Paraná. O plano é abrir entre três e cinco novas unidades em 2016."

Dalsenter diz que o investimento inicial no negócio, incluindo instrumentos, capital de giro e taxa de franquia, é de R$ 215 mil, com retorno a partir de 18 meses.


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