As ações do setor bancário, segmento com maior participação dentro do principal índice da Bolsa brasileira, enfrentam mais um dia de perdas nesta quinta-feira (21). Os papéis reagem à expectativa de impacto negativo das medidas de ajuste fiscal, como o aumento de impostos para os bancos.
Às 11h20 (de Brasília), o Itaú tinha desvalorização de 1,31%, para R$ 36,02, enquanto a ação preferencial do Bradesco, sem direito a voto, recuava 1,09%, para R$ 29,92. É o quarto dia seguido que esses papéis registram baixa.
O desempenho dos bancos amenizava a alta do Ibovespa, que subia 0,11%, para 54.960 pontos, no mesmo horário. O volume financeiro girava em torno de R$ 800 milhões.
O ministro Joaquim Levy (Fazenda) aumentou a lista dos impostos que podem ser elevados para garantir o cumprimento da meta de superavit primário neste e nos próximos anos.
Entre eles, está o aumento da alíquota de CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) de 15% para 17% de bancos, que pode gerar uma receita extra anual de R$ 1,5 bilhão, além de ajustes na cobrança de PIS/Cofins e aumento de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Após terem caído mais de 8% nos últimos três pregões, as ações da Petrobras mostravam recuperação nesta quinta-feira, com avanço de mais de 3%. As preferenciais, sem direito a voto, valorizavam-se 3,33%, às 11h20, para R$ 13,32. Já as ordinárias, com direito a voto, subiam 4,37%, para R$ 14,30.
O ganho da Vale também ajudava a apoiar o Ibovespa. Os papéis preferenciais da companhia mostravam avanço de 1,50%, para R$ 16,82 cada um. O movimento também é reflexo de ajuste à sequência de perdas recentes, na esteira da queda nos preços do minério de ferro na China, principal destino das exportações da mineradora brasileira.
CÂMBIO
No mercado cambial, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, operava estável em relação ao real, às 11h20, cotado em R$ 3,031 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, subia 0,89%, também para R$ 3,031.
O fortalecimento do dólar, segundo operadores, tem refletido o quadro de apreensão com as medidas de ajuste fiscal que estão sendo anunciadas pelo governo. O cenário ganhou mais um impulso nesta quinta-feira após uma leva de indicadores econômicos destacar a fragilidade da economia brasileira em 2015.
No primeiro trimestre de 2015, a queda na atividade econômica brasileira foi de 0,81% em relação aos três últimos meses de 2014, de acordo com o indicador de atividade do Banco Central, o IBC-Br. Somado a isso, a taxa de desemprego nas seis maiores regiões metropolitanas do país foi de 6,4% em abril deste ano, segundo o IBGE.
Além disso, a sinalização de que o Banco Central deve reduzir suas intervenções no mercado cambial em junho tem limitado o espaço para mais quedas do dólar.
Nesta quinta, a autoridade monetária brasileira vai rolar para 2016 os vencimentos de 8,1 mil contratos que estão previstos para o início de junho, em um leilão que pode movimentar até US$ 400 milhões. A operação é equivalente à venda futura de dólares.
Se mantiver esse ritmo até o final de maio, o BC rolará apenas 80% do lote total de contratos de swap com vencimento no início do próximo mês, que corresponde a US$ 9,656 bilhões. Nos meses anteriores, a rolagem estava sendo de 100% dos contratos.