Folha de S. Paulo


Dólar cai pelo terceiro dia com expectativa de aumento de juros

O dólar voltou a fechar em queda em relação ao real nesta quinta-feira (7), a terceira baixa consecutiva, influenciado pela ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil).

O documento, divulgado pela manhã, sinalizou que o ciclo de aumento dos juros não terminou na semana passada, quando a instituição elevou a taxa básica Selic de 12,75% para 13,25% ao ano. Uma taxa maior tende a trazer mais investidores estrangeiros ao país, em busca de retornos mais significativos. E, com mais dólar no mercado interno, a cotação da moeda americana tende a cair.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou o dia em queda de 0,35%, cotado em R$ 3,047 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, cedeu 0,68%, para R$ 3,026.

"O Copom avalia que os fatores aceleradores/impulsionadores da inflação já perderam impulso, mas o seu nível relativamente alto ainda funciona como força mantenedora/propagadora da elevada inflação mensal e em 12 meses. Essa postura do BC implica vigilância da política monetária e, por isso, a probabilidade de 70% de elevação da Selic em 0,5 ponto percentual na reunião de junho", disse a equipe econômica do Banco Pine em nota.

Também colaborou para reduzir a pressão no câmbio o avanço nas discussões sobre o ajuste fiscal no Congresso. Na véspera, foi aprovado na Câmara o texto-base da MP que altera as regras de concessão de benefícios trabalhistas e ajuda o Executivo a equilibrar suas contas públicas.

A moeda americana chegou a registrar alta ao longo do dia, repercutindo a divulgação do número menor que o esperado de novos pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos na semana passada. O dado reforçou a percepção de resiliência do mercado de trabalho americano, apesar do crescimento fraco.

Investidores têm buscado sinais sobre quando o Federal Reserve (BC americano) começará a elevar os juros naquele país e aguardam a divulgação do relatório de emprego do governo dos EUA, na sexta-feira (8).

Uma alta deixaria os títulos do Tesouro dos EUA –que são remunerados por essa taxa e considerados de baixíssimo risco– mais atraentes do que aplicações em mercados emergentes, provocando uma saída de recursos dessas economias. A menor oferta de dólares tenderia a pressionar a cotação da moeda americana para cima.

A atuação do Banco Central do Brasil no câmbio seguiu no radar dos investidores. Nesta quinta, a autoridade monetária rolou para 2016 os vencimentos de 8,1 mil contratos que estavam previstos para o início de junho, em um leilão que movimentou US$ 394,3 milhões. A operação é equivalente à venda futura de dólares.

Se mantiver esse ritmo até o final de maio, o BC rolará apenas 80% do lote total de contratos de swap com vencimento no início do próximo mês, que corresponde a US$ 9,656 bilhões.

AÇÕES

Na Bolsa, os investidores continuaram a vender ações para embolsar lucros acumulados com a recente sequência de altas do principal índice do mercado nacional, o Ibovespa. Os papéis do setor siderúrgico tiveram as maiores quedas.

O Ibovespa perdeu 0,32%, para 56.921 pontos. O volume financeiro foi de R$ 6,420 bilhões. As ações da Companhia Siderúrgica Nacional caíram 7,73%, para R$ 8,35, enquanto os papéis preferenciais (sem direito a voto) da Usiminas mostraram baixa de 10,04%, para R$ 6,27 cada um.

"No exterior, a Yellen [presidente do BC americano] andou falando, ontem, que o mercado de ações dos EUA poderia estar sobrevalorizado e que isso poderia gerar algum risco econômico. A fala foi um fator de estímulo para a realização de lucros no dia", disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil.

A queda do Ibovespa foi amenizada pelo avanço de 0,44% das ações preferenciais da Petrobras, para R$ 13,70 cada uma. Esses papéis caíram mais de 5% na véspera, devolvendo parte do forte ganho recente. As ações ordinárias da estatal, no entanto, tiveram baixa de 1,08%, para R$ 14,65.

O ganho do setor bancário também freou a baixa do índice: o Itaú ganhou 0,40%, enquanto o Bradesco, 0,29%. O Banco do Brasil registrou alta mais expressiva, de 2,77%. As instituições financeiras tendem a se beneficiar com a continuidade do aumento no juro básico brasileiro.

Com Reuters


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