O dólar atingiu R$ 3,269 nos primeiros negócios nesta terça-feira (31), afetado pelo deficit recorde nas contas do Tesouro, mas passou a cair pela disputa em torno da formação da taxa Ptax, calculada pelo Banco Central e que serve como referência para a liquidação de contratos futuros de câmbio (que equivalem a uma compra ou venda futura de dólares).
Às 12h01, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha queda de 1,69%, para R$ 3,191. No mesmo horário, o dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, tinha queda de 1,20%, para R$ 3,193. Na mínima, ambos atingiram R$ 3,16.
A Bolsa brasileira oscila entre ganhos e perdas nesta terça. Às 12h02, o Ibovespa, principal índice do mercado brasileiro, caía 0,11%, para 51.186 pontos.
AJUSTES
O deficit nas contas do Tesouro coloca em dúvida a eficácia do ajuste promovido pelo governo, afirma Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil. Em fevereiro, as despesas com pessoal, programas sociais, custeio administrativo e investimentos superaram as receitas em R$ 7,4 bilhões, contra um saldo negativo de R$ 3,1 bilhões no período correspondente de 2014.
"Contribui também o dado ruim da confiança na indústria, que indica que a produção industrial deve devolver os ganhos nos próximos meses", ressalta.
O Índice de Confiança da Indústria brasileira caiu 9,2% em março, segunda queda seguida, e atingiu o menor nível desde janeiro de 2009, destacando as dificuldades enfrentadas pelo setor neste ano, de acordo com a FGV (Fundação Getulio Vargas).
A disputa entre investidores pela formação da taxa ptax, porém, acabou colocando os dados econômicos ruins em segundo plano, afirma Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.
Todo contrato futuro de dólar vence no primeiro dia útil do mês e usa a Ptax do mês anterior para fazer a correção da diferença em relação à taxa do contrato. Como parte dos investidores aposta em um taxa maior do dólar e parte em uma cotação menor, é comum haver essa oscilação da moeda no último dia útil do mês.
Hoje também é o último dia de intervenções diárias do Banco Central no mercado cambial, lembra Galhardo. A partir desta quarta-feira, a autoridade monetária só fará as rolagens integrais dos contratos de swaps cambiais (equivalente à venda futura de dólares).
EXTERIOR
O impasse da Grécia com seus credores aumenta a aversão ao risco dos investidores, favorecendo a valorização do dólar frente a moedas emergentes. Às 10h50, o dólar se valorizava ante nove das principais moedas emergentes.
As conversas da Grécia com seus credores envolvendo as reformas necessárias para que o país obtenha dinheiro necessário para quitar parte de um empréstimo em abril não evoluíram. Com isso, os mercados no exterior caem e arrastam a Bolsa brasileira, avalia Luciano Rostagno, do Banco Mizuho do Brasil.
A Grécia e seus financiadores União Europeia e FMI (Fundo Monetário Internacional) fracassaram em alcançar um acordo inicial para desbloquear ajuda após credores classificaram um pacote de reformas de Atenas como ideias em vez de um plano concreto, disseram autoridades nesta terça-feira.
Agora, a Grécia se vê diante da possibilidade de ficar sem dinheiro em três semanas a menos que consiga convencer credores a desembolsarem mais ajuda financeira.
BOLSA
A desvalorização das ações da Vale e da Petrobras pesa na Bolsa brasileira. Às 12h02, os papéis preferenciais da Vale tinham queda de 2,99%, para R$ 15,57. As ações ordinárias caíam 3,16%, para R$ 18,03, no mesmo horário.
Às 12h03, as ações preferenciais da Petrobras registravam desvalorização de 0,82%, para R$ 9,64. Os papéis ordinários, com direito a voto, caíam 0,93%, para R$ 9,50, no mesmo horário. A estatal quer reajustar em 13% a remuneração de executivos que dirigem a empresa, considerando a média por executivo.
Às 12h03, as ações do Itaú Unibanco tinham alta de 1,25%, para R$ 35,43. As ações do Bradesco subiam 1,13%, para R$ 29,53, no mesmo horário.