Uma parceria firmada entre a Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecção) e a USP Leste colocará alunos do curso de Têxtil e Moda em contato com desafios de empresas do setor de confecção brasileiro.
Na última quarta-feira (25) sete empresas do setor visitaram a universidade para contar a suas história e propôr desafios aos alunos do 4º ano do curso. Todas elas são exportadoras e fazem parte do programa Texbrasil (Programa de Internacionalização da Indústria da Moda Brasileira, desenvolvido pela Abit em parceria com a Apex, Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimento).
A ideia é que a aproximação gere Trabalhos de Conclusão de Curso, Iniciações Científicas e outras pesquisas que coloquem em prática o conteúdo teórico que os estudantes recebem durante o curso, explica a professora Francisca Dantas Mendes.
Luiz Carlos Murauskas/Folhapress | ||
Renata Iwamizu, da Moovexx, mostra peças para os alunos do curso de têxtil e moda da USP Leste |
Segundo ela, um obstáculo comum para para que estudantes façam estudos de casos de empresas é a dificuldade de obter informações e trabalhar em conjunto com elas.
Segundo Rafael Cervone, presidente da Abit, a parceria busca diminuir a distância entre a indústria e a academia. "As Universidades produzem muito conhecimento, mas ele nem sempre chega na ponta da indústria. E inovação e design depende menos de equipamento do que de capital humano"
SOLUÇÕES
A empresa Moovexx, especializada na confecção de roupas masculinas, veio buscar na Universidade novas opções de materiais e processos produtivos que podem ser usados em suas roupas, que produz peças como calças e cintos com elástico.
O objetivo é descobrir novas formas de unir conforto e bom design, diz Renata Iwamizu, 33.
"Um policial, por exemplo, precisa fazer atividade física durante seu trabalho e não pode usar uma calça de elástico comum para atuar melhor, pois assim não imporia o respeito necessário."
Para produzir uma roupa adequada a esse profissional, seria necessário um elástico usado em proporção e extensão menor do que a comum e que, mesmo assim, aguentasse a pressão do corpo contra ele. O desafio é desenvolver esse material resistente que, ao mesmo tempo, seja flexível, explica.
Os trabalhos acadêmicos também podem dar origem a contratações, segundo empresários participantes do encontro.
Wesley Loureiro, 34, diretor comercial da empresa carioca Sapeka, que vende lingeries e fantasias sensuais há 15 anos, afirma que a intenção da empresa ao participar do programa é ter acesso a novos talentos em áreas como design e modelagem.
Ele explica que a produção da empresa, que possui 100 funcionários, fica em Nova Friburgo (RJ), importante centro de produção de lingerie no país. Porém, segundo Loureiro, é difícil encontrar inovações em um mercado em que profissionais estão voltados apenas a um setor e, muitas vezes, com vícios no modo de fazer as peças.
Quem se destacar, terá grandes chances de seguir com a empresa, que sofre com dificuldades de encontrar mão de obra qualificada, afirma.