Folha de S. Paulo


Petrobras avalia nova metodologia para calcular perdas com corrupção

Conselheiros da Petrobras estão reunidos desde as 10h desta quinta-feira (26) na sede da empresa, no Rio de Janeiro, para avaliar uma nova metodologia que permita calcular o valor a ser subtraído, custo da corrupção, dos ativos da empresa.

Um número aceitável pelos auditores independentes –no caso da Petrobras, a PwC (PricewaterhouseCoopers)– poderia ser obtido confrontando o que disseram os supostos corruptores, ligados às empreiteiras, e corrompidos, ex-dirigentes da estatal, a respeito dos percentuais pagos em propina nos contratos fechados, mencionados em depoimentos à Justiça e em delação premiada na Operação Lava Jato.

Em reunião realizada em janeiro, quando Graça Foster ainda presidia a Petrobras, os conselheiros da estatal decidiram descartar metodologia proposta pela Deloitte e pelo BNP Paribas, contratadas pela empresa para a tarefa de chegar ao valor que deveria ser retirado dos ativos.

As contas por eles apresentadas, na ocasião, apontaram que os ativos eram sobreavaliados em R$ 88,6 bilhões nos balanços.

Depois de exaustiva discussão, optou-se por descartar o número. Parte dos conselheiros, porém, decidiu divulgá-lo, mesmo sem aplicá-lo, o que levou a um processo de desgaste da então diretoria junto ao Palácio do Planalto que resultou, uma semana depois, na saída de Graça e cinco diretores.

Naquela mesma reunião, foi aprovado um balanço não auditado do terceiro trimestre de 2014, divulgado sem qualquer baixa das perdas por corrupção e, portanto, sem aval da PwC.

Sem o número a ser computado a título de corrupção, a PwC não vai auditar o balanço do terceiro trimestre e o anual de 2014.

CREDORES

Se essas demonstrações auditadas não forem aprovadas até o fim de abril, credores poderão começar a exigir o pagamento antecipado de dívidas da Petrobras, o que tornaria ainda mais difícil A situação financeira da empresa.

A data também é o limite estabelecido para as demonstrações anuais da empresa, de acordo com as normas do mercado de capitais nos Estados Unidos, onde a Petrobras também negocia ações.

Pela legislação brasileira, o prazo para apresentação do balanço anual é 31 de março. O balanço trimestral auditado está atrasado desde 14 de novembro.


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