Folha de S. Paulo


Antonio Carlos Valente deixa a presidência do grupo Telefônica

Responsável pelos movimentos estratégicos mais importantes da Telefônica no Brasil, o executivo Antonio Carlos Valente deixa a presidência do grupo após quase oito anos. Em seu lugar, assumirá Amos Genish, presidente da GVT, empresa adquirida recentemente pela operadora espanhola.

Valente continuará na empresa, como presidente do conselho de administração.

A troca no comando, no entanto, só será efetivada no final do primeiro semestre, quando a incorporação da GVT pela Telefónica for concluída. A transação obteve aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) nesta quarta.

A informação, antecipada pela Folha, foi confirmada pela empresa em comunicado ao mercado.

Gabo Morales/Marcelo Justo/Folhapress
Antonio Carlos Valente (à esq.) deixa presidência da Telefônica; grupo deve propor a Amos Genish (à dir.) que assuma o cargo
Antonio Carlos Valente (à esq.) deixa presidência da Telefônica; grupo deve propor a Amos Genish (à dir.) que assuma o cargo

Durante a transição, a presidência do grupo ficará com o principal executivo financeiro, Alberto Aguirre.

Também deixou a companhia Paulo Cesar Teixeira, presidente da Vivo.

REESTRUTURAÇÃO

Valente, que já tinha sido conselheiro da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), atuou nas principais operações de aquisição da Telefônica no Brasil, que a tornaram líder no mercado de telefonia, em receita.

Entre elas está a compra da participação da Portugal Telecom na Vivo (eles dividiam o controle), a fusão da Telefônica (antiga Telesp) com a Vivo (que manteve a marca) e a compra da GVT.

A aprovação foi feita nesta quarta (25) com restrições e põe fim a um impasse que se travava no setor.

Isso porque a operadora espanhola é dona da líder Vivo e tem participação indireta na concorrente TIM, segunda maior do mercado.

Agora, a Telefónica terá de vender sua participação na Telecom Italia, dona da TIM, até no máximo quatro meses após a assinatura do acordo com o Cade.

Outra restrição é a venda de ações da Vivo que a Vivendi, dona da GVT, receberá como parte do pagamento. A companhia francesa terá de se desfazer dessas ações.

Isso seria uma garantia de que as empresas envolvidas tenham gestões independentes, eliminando possíveis conflitos de interesse.

CAMINHO LIVRE

Outro reflexo dessas mudanças é que, sem conflitos de interesse após o descruzamento acionário entre as empresas, abre-se caminho para que Telecom Italia e Oi possam resolver os rumos de uma possível combinação de negócios, possivelmente uma fusão da TIM e Oi.

A combinação entre as duas empresas daria mais fôlego na acirrada disputa que se tornou o mercado de telefonia brasileiro, mas não seria suficiente para ultrapassar a Vivo.

Com a GVT, que já era líder de mercado, a Telefônica se consolida como a maior empresa de telecomunicações do país: passará a controlar cerca de 29% da receita líquida do mercado.


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