Folha de S. Paulo


Demitida após polêmica na eleição, ex-Santander vai para banco do J&F

A executiva Sinara Polycarpo, que foi demitida pelo Santander após o polêmico informe que considerava a reeleição da presidente Dilma Rousseff prejudicial à economia, está de casa nova.

Ela foi trabalhar no Banco Original, braço financeiro do grupo J&F, dono também do frigorífico JBS.

Oito meses após o episódio, Sinara conseguiu se recolocar no mercado de trabalho e em posição melhor que no Santander, onde era superintendente do Selec, segmento voltado a clientes com renda acima de R$ 10 mil.

No Original, que tem entre os conselheiros o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, ela vai cuidar de grandes clientes.

Enviada a correntistas de alta renda do Santander, a análise provocou reações agressivas do governo e do PT, que falaram em terrorismo eleitoral. Além dela, três profissionais foram demitidos.

O Santander assumiu ter cometido um erro por publicar a análise e pediu desculpas publicamente. No mercado, comentou-se que a direção do banco teria cedido a pressões e promovido as demissões para acalmar o PT. O banco nega que tenha recebido ou cedido a pressões.

O trecho mais crítico do informe dizia que, se Dilma melhorasse nas pesquisas, os juros e o dólar subiriam e a Bolsa cairia. No final de julho, quando fora demitida, o dólar estava ainda em R$ 2,27, e a Selic, em 11%; oito meses depois, a moeda americana foi a R$ 3,23, e os juros, a 12,75%.

Sinara entrou com uma ação na Justiça do Trabalho pedindo indenização por danos morais da ordem de 200 vezes seu salário mensal (cerca de R$ 32 mil). Na ação, ela diz que foi perseguida por dirigentes do PT. Afirma ainda que não foi responsável pelo texto e que só tomou conhecimento após o informe ser enviado aos clientes.

Procurado, o Banco Original se limitou a confirmar a contratação. A executiva preferiu não falar por considerar o caso encerrado.


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