Folha de S. Paulo


Bolsa cai 1,6% após Congresso frear ajuste fiscal do governo

A Bolsa brasileira fechou em baixa nesta quarta-feira (4) após o Congresso frear o ajuste fiscal proposto pelo governo como forma de resgatar sua credibilidade perante os investidores e evitar um rebaixamento da nota de crédito do país.

O Ibovespa, principal termômetro do mercado acionário brasileiro, caiu 1,63%, a 50.468 pontos. Das 68 ações negociadas, 54 caíram, 13 subiram e uma se manteve inalterada. O volume financeiro negociado no pregão foi de R$ 6,6 bilhões, alinhado com o giro médio diário no ano.

A queda foi resultado do aumento da aversão a risco dos investidores após a notícia da derrota do governo no Congresso. A avaliação é que a presidente Dilma Rousseff (PT) não tem base política para implementar os ajustes fiscais necessários para evitar um rebaixamento da nota de crédito do país pelas agências de classificação de risco.

Na noite de terça-feira, o presidente do Congresso, Renan Calheiros, que foi citado na Operação Lava Jato, devolveu ao Palácio do Planalto a medida provisória com uma das principais medidas do ajuste fiscal proposto pela presidente Dilma Rousseff.

Renan determinou a devolução de uma medida provisória que aumentava tributos pagos por empresas de vários setores, apresentada pelo governo ao Congresso no fim da semana passada.

A retaliação amplia as dificuldades que a presidente tem encontrado para obter apoio no Congresso para as medidas de ajuste, que a sua equipe econômica considera essenciais para equilibrar as finanças do governo e recuperar a capacidade do país de crescer.

"A questão política interfere bastante na percepção dos investidores em relação à capacidade de o país levar adiante o ajuste fiscal necessário para manter o grau de investimento", afirma Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil.

Para Eduardo Velho, economista-chefe da gestora INVX Global Partners, a derrota aumenta a chance de rebaixamento pelas agências de classificação de risco. "A Bolsa é afetada negativamente pelo efeito todo, com a queda do consumo e a perspectiva de retração da economia no ano. Se não se confirmar o ajuste fiscal anunciado pelo governo, as agências podem acelerar o rebaixamento", avalia.

As ações da Petrobras caíram cerca de 4% nesta sessão. Os papéis preferenciais, mais negociados e sem direito a voto, registraram desvalorização de 4,06%, a R$ 9,21. Os papéis ordinários, com direito a voto, caíram 3,79%, a R$ 9,15.

Destaque também para os papéis da Gerdau, que subiram no pregão. As ações lideraram os ganhos do Ibovespa, ao subirem 4,51%, a R$ 10,43. A empresa divulgou nesta quarta lucro líquido de R$ 393 milhões para o quarto trimestre, em um resultado melhor que o esperado pelo mercado. Analistas esperavam, em média, lucro líquido de R$ 210 milhões para a Gerdau no período.

Na ponta contrária, as ações da construtora PDG Realty fecharam em baixa de 6,67%, a R$ 0,42.

Os papéis do Banco do Brasil fecharam com queda de 5,04%, a R$ 22,44, enquanto as ações do Itaú caíram 0,87%, a R$ 36,28, e as do Bradesco fecharam com desvalorização de 2,07%, a R$ 36,38.

A mineradora Vale também viu seus papéis caírem na sessão. Os papéis preferenciais da empresa tiveram baixa de 2,32%, a R$ 17,66, e os ordinários perderam 1,92%, a R$ 20,39.


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