Folha de S. Paulo


Venda de ativos da Petrobras visa evitar capitalização; ações sobem

Um dia após o anúncio de que a Petrobras pretende colocar à venda US$ 13,7 bilhões (R$ 39 bilhões) em projetos e empreendimentos neste e no próximo ano, as ações da companhia subiram nesta terça-feira (3) esteira da notícia que reduz, em tese, a necessidade de empréstimos e de uma eventual capitalização da companhia pelo governo. As ordinárias, com direito a voto, tiveram alta de 2,48%. Já as preferenciais avançaram 2,13%.

Ambas tiveram desempenho melhor do que o Ibovespa, cuja alta 0,56%.

O valor de ativos que a estatal pretende se desfazer supera a meta estabelecida no Plano de Negócios anunciado em fevereiro do ano passado: de US$ 5 bilhões (R$ 14,5 bilhões) a US$ 11 bilhões (R$ 32 bilhões).

Na leitura do mercado, a decisão foi positiva, pois a companhia tem acesso restrito a captações externas e com a perda do grau de investimento o custo dessas operações será mais elevado –atualmente, a estatal não pode tomar empréstimos ou lançar títulos, pois não apresentou seu balanço auditado. Os recursos que serão obtidos, segundo a Petrobras, visam quitar dívidas e sanear, em parte, as finanças da companhia e preservar seu caixa.

Para Henrique Florentino, analista da Um Investimentos, o "momento não é o ideal" para vender campos de petróleo e outros ativos por causa da queda do preço do produto no mercado internacional, mas "a necessidade atual da companhia se sobrepõe". Ou seja, em outra ocasião, a empresa conseguiria levantar mais recursos com esses negócios que pretende fechar. Ele crê, porém, que a estatal já fez suas estimativas e julgou ser factível obter os US$ 13,7 bilhões na "melhor das expectativas". "Tudo dependerá das condições de mercado."

Os recursos que devem entrar no caixa serão suficientes apenas, diz, para "minimizar" a necessidade da empresa de recorrer a empréstimos de bancos públicos e privados e, em últimos caso, uma capitalização do governo –seu principal acionista.

Mesmo que consiga, porém, cumprir a meta prevista, Florentino não crê que a empresa recupere o grau de investimento até 2016. "Ela terá de aumentar muito sua produção e melhorar os indicadores de endividamento. Os US$ 13,7 bilhões não são suficientes para isso."

Outros analistas ouvidos sob anonimato dizem também que as condições estão longe de serem as melhores, mas não restava alternativa à companhia, já que o governo também vive uma restrição orçamentária e não tem como aportar recursos na companhia.

Eles acreditam que os ativos mais fáceis de serem vendidos são alguns campos de petróleo, termelétricas, gasodutos e uma fatia da BR Distribuidora –ou a abertura de capital da subsidiária da empresa, como forma de levantar recursos na Bolsa.


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