Folha de S. Paulo


Preço do petróleo também faz parte da lista de problemas da Petrobras

Os problemas enfrentados pela Petrobras no mercado financeiro dos Estados Unidos não estão ligados apenas aos escândalos de corrupção.

A companhia também sofre com o pessimismo dos investidores em relação às empresas petrolíferas, prejudicadas pela queda persistente nos preços do barril.

Na sexta-feira (12), a commodity fechou novamente no valor mais baixo desde 2009.

"As ações de petrolíferas estão indo muito mal nos últimos cinco meses, e o pior desempenho está entre as companhias que têm as maiores dívidas", afirma Pavel Molchanov, analista do setor na Raymond James.

Ele lembra que o caso da Petrobras é único entre as grandes petrolíferas. "A dívida [da estatal] está em US$ 140 bilhões, muito acima de outras grandes empresas, como a ExxonMobil. Isso sempre foi uma preocupação."

Além disso, nas condições atuais, os analistas estimam que a Petrobras terá dificuldade para captar mais recursos no mercado de capitais, estratégia que vinha utilizando para alimentar seu plano de investimentos de US$ 220 bilhões até 2018.

Em sua mais recente emissão de bônus internacionais —títulos de retorno fixo para o investidor—, em maio de 2013, a companhia conseguiu captar US$ 11 bilhões, a maior operação feita por uma companhia de país emergente.

Agora, os preços desses títulos também estão caindo, aumentando a taxa de juros. O bônus com vencimento em março de 2014, emitido com juros de 6,25%, está sendo negociado atualmente a 6,55%, maior taxa em um ano e meio.

Para conseguir captar novamente, a Petrobras precisará que todos os seus balanços estejam aprovados pelos auditores independentes —na sexta, ela adiou mais uma vez a divulgação do seu resultado. Mas, ainda que isso aconteça, os analistas não veem interesse pelos títulos.

"Vai ser muito difícil para ela se financiar no mercado. Ainda estamos no começo do processo, os preços dos títulos atuais estão caindo muito", afirmou um analista que pediu para não ser identificado. "Se você me perguntasse se há apetite para a Petrobras agora, minha resposta seria: provavelmente não."

Editoria de arte/Folhapress

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