Folha de S. Paulo


Montadoras adiam o retorno de trabalhadores à linha de montagem

As montadoras estão prolongando os acordos de suspensão de contratos de trabalho para adequar a produção à queda nas vendas de automóveis e evitar a demissão de funcionários. Com a queda de 7,99% nas vendas nos primeiros nove meses do ano, as montadoras acumulam estoque de 30 dias.

Diante disso, Mercedes-Benz, por exemplo, fechou um acordo com o Sindicato dos Trabalhadores do ABC que permite a prorrogação do lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho).

A unidade da montadora em São Bernardo do Campo (SP) tem 1.200 trabalhadores no sistema de lay-off, que deveriam voltar ao trabalho no fim de novembro. Com o acordo firmado com o sindicato, eles podem ficar até mais cinco meses em casa.

Assim, os trabalhadores poderiam ficar afastados até o fim de abril do ano que vem. A montadora, por meio da assessoria de imprensa, afirma que a prorrogação só vai ocorrer se o mercado não apresentar melhoras.

Editoria de Arte/Folhapress

Caso a prorrogação se confirme, a empresa não poderá mais contar com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) para realizar o pagamento dos funcionários.

De acordo com a legislação, durante o período de lay-off parte do salário é pago pelo fundo e o trabalhador tem que realizar cursos de qualificação profissional.

Além dos metalúrgicos do ABC, 166 trabalhadores da montadora em Juiz de Fora (MG) também estão afastados. Ao todo a Mercedes tem 12 mil funcionários no Brasil.

Outra montadora que também está recorrendo ao adiamento da interrupção do contrato de trabalho é a Volkswagen. "No sentido de adequar os volumes de produção à demanda de mercado, a Volkswagen iniciou no dia 13 de outubro um programa de lay-off para parte dos empregados da unidade de São José dos Pinhais (PR)", diz a montadora em nota sem revelar o número de trabalhadores afastados. Em São Bernardo, a volta dos trabalhadores está prevista para segunda-feira.

A empresa alemã iniciará também um período de férias coletivas em sua unidade de São José dos Pinhais (PR).

A ação abrangerá o primeiro turno produtivo de meados de outubro até início de novembro.

Na Nissan, por sua vez, 279 funcionários do Complexo Industrial de Resende (RJ) estão em lay-off. "O uso desta ferramenta visa preservar os empregos", diz a montadora em nota.

Já na GM, o lay-off começou em setembro e vai seguir por cinco meses.

São 930 trabalhadores afastados na unidade de São José dos Campos (SP).

Na unidade de São Caetano, não há programa em andamento, mas o sindicato afirma que já foi comunicado pela montadora sobre demissões e lay-off. De acordo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, em reunião com representantes da empresa houve a informação de que a unidade tem 400 funcionários excedentes.

"Eles falam em demitir 500 trabalhadores e colocar outros 500 em lay-off. Estamos negociando." A montadora não comenta o assunto.


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