Folha de S. Paulo


Petrobras sobe mais de 5%, puxada por especulações eleitorais

As ações da Petrobras encerraram as negociações desta sexta-feira (26) com alta de mais de 6%, impulsionadas pelas especulações dos investidores em relação ao cenário eleitoral.

Com as especulações em torno da pesquisa Datafolha, que será divulgada às 19h pela TV Folha, as ações ordinárias da petroleira, que dão direito a voto, subiram 5,31%, negociadas a R$ 19,82 cada. Já os papéis preferenciais, de maior liquidez, tiveram variação positiva de 5,54%, a R$ 20,94.

A alta da Petrobras fez com que o Ibovespa, principal índice da Bolsa, avançasse 2,23% para os 57.212 pontos. Mesmo com o resultado positivo, o mercado acionário ainda fechou a semana no vermelho, com perda de 0,99%, ou 578 pontos, na comparação com o fechamento da última sexta (19).

O Ibovespa já abriu o dia em terreno positivo, repercutindo a divulgação da pesquisa Vox Populi na quinta-feira (25). O novo estudo de opinião mostrou um cenário eleitoral mais acirrado, em que a vantagem da candidata Dilma Rousseff (PT) sobre Marina Silva (PSB) no segundo turno caiu de 18 para 13 pontos percentuais. Aécio Neves (PSDB) permaneceu estável. No segundo turno, as candidatas voltara a um empate técnico.

A divulgação contribuiu para o otimismo dos investidores, cuja especulação a respeito da pesquisa Datafolha levantou os papéis da Petrobras, Eletrobras (4,11%) e do setor bancário. Isso ocorre porque parte do mercado financeiro acredita que uma vitória da oposição poderia levar a mudanças mais profundas na política econômica a partir de 2015.

"O mercado está muito em cima de especulação sobre as eleições no primeiro turno, que acontecem na semana que vem", afirma Pedro Galdi, analista-chefe da SLW Corretora.

"Como semana que vem há mais pesquisas, o mercado tende a continuar volátil. Se tivermos um segundo turno, o mercado pode continuar festejando com a alta de Marina e um possível apoio de Aécio. Mas só depois das eleições saberemos para onde vai a Bolsa", diz Galdi.

DÓLAR

As especulações eleitorais também ditaram o humor do mercado de câmbio nesta sexta.

A moeda americana não conseguiu ganhar espaço contra o real, ainda que tenha se fortalecido internacionalmente com as notícias positivas a respeito da economia dos Estados Unidos.

O dólar comercial, utilizado em negociações de comércio exterior, começou o dia em alta e foi à máxima de R$ 2,445 durante a manhã. No decorrer do pregão, contudo, a tendência se inverteu e a moeda caiu 0,57%, cotada a R$ 2,416. Já o dólar à vista, referência no mercado financeiro, cedeu 0,01% a R$ 2,421.

"O real é a única moeda que está se valorizando ante o dólar e isso é atípico. Há um movimento especulativo no mercado futuro que se vale das pesquisas eleitorais para fazer movimentos e realizar ganhos", afirma Sidnei Nehme, diretor da NGO Corretora de Câmbio.

No longo prazo, o analista acredita que há uma tendência de valorização do dólar, ligada à recuperação da economia americana.

Nesta sexta, os Estados Unidos divulgaram uma nova revisão da alta do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo semestre. O crescimento foi para 4,6%, ante 4,2% da medição anterior e é um indicativo de que o país está se fortalecendo.

A aceleração do PIB também pode ser interpretada pelo Federal Reserve (banco central do país) como um sinal de que o país está preparado para uma alta nos juros antes do que o previsto, o que afeta a cotação do dólar.

"Isso deveria estar preocupando [o mercado de câmbio], mas só o real que não [se desvalorizou]. Ele está sob influência especulativa. Não é nem uma tendência de que se mude para o Aécio, Marina ou mesmo que permaneça a Dilma", avalia Nehme.

Para tentar frear o dólar, o Banco Central seguiu seu programa diário de intervenções e ofertou 4.000 contratos de swap cambial, que equivalem a venda futura de dólares, no valor de US$ 197,9 milhões. Além disso, o BC também rolou os contratos de 15 mil outros acordos do tipo, que somam US$ 739,8 milhões.

DESTAQUES EMPRESARIAIS

Além da Petrobras, outras companhias tiveram notícias positivas nesta sexta-feira e ajudaram a Bolsa a recuperar parte das perdas registradas na semana.

O Conselho de Administração da BRF anunciou a nomeação de Pedro Faria, atual CEO internacional, para o cargo de diretor-presidente da companhia. Além disso, a empresa iniciou um programa de recompra de cinco milhões de ações (o equivalente a 0,57% dos papéis disponíveis), que irá até o dia 14 de outubro.

As medidas foram bem vistas pelo mercado financeiro e as ações da BRF subiram 3,18% no pregão, cotadas a R$ 58,35 cada.

O Banco do Brasil, que sofreu com a notícia de que o governo federal deve utilizar R$ 3,5 bilhões do Fundo Soberano para tentar cumprir a meta de superavit primário (de R$ 99 bilhões, ou 1,9% do PIB), subiu 3,14%. As ações da empresa fecharam o dia negociadas a R$ 29,83 cada.

Por outro lado, as ações da Vale caíram, ainda impactadas por problemas de oferta e demanda de minério de ferro na China. A companhia divulgou que fechou acordo para expandir sua frota de navios para o transporte do produto, o que deve aumentar sua competitividade ante as rivais Rio Tinto e BHP Billiton.

Ainda assim, os papéis ordinários da mineradora caíram 1,38%, a R$ 26,97, e os preferenciais tiveram variação negativa de 2,10%, a R$ 23,74.

DISPUTA

No terreno negativo, a Usiminas foi o destaque do dia. A companhia anunciou a demissão do argentino Julián Eguren da presidência da companhia e também dos diretores de subsidiárias e industrial, Paolo Bassetti e Marcelo Chara, respectivamente.

A decisão do Conselho de Administração da Usiminas é resultado de uma disputa interna entre o Grupo Nippon, que detém 29,45% das ações da siderúrgica, e a Ternium, que tem participação de 27,66% na empresa.

Repercutindo esse cenário, as ações preferenciais da empresa caíram 5,82%, a R$ 7,12, e as ordinárias, que dão direito a voto nas decisões da Usiminas, subiram 1,52%, a R$ 7,33 cada.


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