Folha de S. Paulo


Dólar se estabiliza após reforço na intervenção do Banco Central

A decisão do Banco Central de intervir com maior força no mercado de câmbio conseguiu acalmar os ânimos dos investidores e impedir uma alta expressiva do dólar na manhã desta quarta-feira (24).

A autoridade monetária anunciou nesta terça (23), que decidiu ampliar o número de contratos de swap cambial, equivalentes a vendas futuras de dólares, que terão seus vencimentos postergados.

Até o último pregão, o BC costumava renovar, por dia, 6 mil contratos de swap que venceriam no início do mês seguinte. Com o reforço na intervenção do câmbio, o número será de 15 mil por dia até o fim de setembro.

Além disso, o BC também oferta 4 mil novos contratos de swap por dia, que juntos somam valor próximo aos US$ 200 milhões, e informou que pretende seguir essa política. As intervenções têm por objetivo influenciar a oferta e a demanda de dólares no país e, desse modo, controlar o seu preço.

No primeiro em que reforçou essa política cambial, contudo, o BC só conseguiu desacelerar a alta da moeda americana. O dólar comercial, utilizado em negociações do comércio exterior, passou a maior parte da manhã em alta e chegou a bater R$ 2,418. Às 12h07, no entanto, tinha leve queda de 0,08%, a R$ 2,407.

Já o dólar a vista, referência para o mercado financeiro, tinha alta de 0,10% e estava cotado a R$ 2,409.

"O Banco Central está reforçando os leilões [de swap], mas essa [alta do dólar] é uma volatilidade do quadro eleitoral", avalia Julio Hegedus, economista-chefe da corretora Lopes Filho.

Para Reginaldo Siaca, superintendente de câmbio da Advanced Corretora, a intervenção do BC conseguiu conter a valorização da moeda ante o real. "Hoje realmente acalmou, o mercado não viu um salto [no dólar]", afirma.

Com a divulgação de três pesquisas eleitorais nesta terça-feira (24) e um cenário mais acirrado para o segundo turno, a tendência seria uma valorização do dólar, na medida em que os investidores buscam ativos mais seguros, notadamente os títulos da dívida dos Estados Unidos.

As intervenções do BC no câmbio nesta quarta resultaram na venda total da oferta de 4.000 novos contratos de swap cambial, no valor de US$ 197,6 milhões. A autoridade monetária também rolou 15 mil contratos com vencimento em outubro, no valor de US$ 740,4 milhões.

BOLSA

A Bolsa segue em queda no pregão desta quarta-feira e pode encerrar o seu sexto dia consecutivo no vermelho, influenciada também pelo cenário eleitoral.

O Ibovespa, principal índica da Bolsa de Valores, recuava 0,13%, aos 56.465 pontos às 12h09.

"A Dilma deu uma reagida e isso está refletindo no mercado, principalmente nas ações de estatais", afirma Hegedus, da corretora Lopes Filho.

Às 11h57, as ações ordinárias da Petrobras, que dão direito a voto, caíam 0,52%, negociadas a R$ 18,96. Já os papéis preferenciais da petroleira, que têm maior liquidez, cediam 0,64%, a R$ 20,00.

A incerteza eleitoral também afeta as ações dos principais bancos do país, que podem ser impactados por mudanças na política monetária a partir de 2015.

Às 11h57, as ações do Bradesco caíam 0,88%, para R$ 37,05, enquanto os papéis do Itaú Unibanco tinham queda de 0,99%, a R$ 36,69.

Na contramão do setor, o Santander registrava alta de 0,24%, a R$ 16,14. O banco espanhol, contudo, tem se beneficiado da decisão de sua matriz de organizar um programa de compra voluntária de todas as ações da sua subsidiária brasileira.

A Vale, que tem sido impactada pela queda nos preços do minério de ferro na China, tem recuperação nesta quarta, com alta de 0,98% nas ações ordinárias (R$ 27,82) e de 1,49% nas preferenciais (R$ 24,41).


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