Folha de S. Paulo


Ação da Petrobras sobe quase 9% e impulsiona Bolsa com cenário político

O principal índice da Bolsa brasileira sobe mais de 2% nesta terça-feira (16), impulsionado pela forte valorização de quase 6% das ações da Petrobras, com investidores digerindo o resultado da pesquisa Vox Populi sobre a eleição presidencial de outubro e especulações acerca dos próximos levantamentos de intenção de voto.

Às 12h40 (de Brasília), o Ibovespa avançava 3,43%, para 59.935 pontos. O volume financeiro era de R$ 4,681 bilhões. No mesmo horário, os papéis preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras disparavam 7,88%, a R$ 22,17 cada um. Mais cedo, eles chegaram a subir 8,91%. Outras estatais também ganhavam, como o Banco do Brasil, que subia 4,74%, para R$ 33,31. Já a ação ordinária (com direito a voto) da Eletrobras valorizava-se 5,21%, a R$ 7,66.

Na noite de ontem foi divulgada pesquisa eleitoral Vox Populi, encomendada pela TV Record, que mostrou Dilma Rousseff (PT) liderando as intenções de voto no primeiro turno, mas em situação de empate técnico com Marina Silva (PSB) no segundo turno. De acordo com o levantamento, Dilma aparece com 36% das intenções de voto na simulação de primeiro turno, Marina com 27% e Aécio Neves (PSDB) com 15%.

Apesar da vantagem de Dilma no primeiro turno, a pesquisa indicou que Marina está um ponto percentual acima da petista na simulação de segundo turno. Marina aparece com 42% e Dilma com 41%. O resultado significa empate técnico entre as duas candidatas. Votos em brancos e nulos são 11% e os indecisos, 6%.

De acordo com o site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), está prevista para esta semana uma nova pesquisa Ibope e um novo levantamento Datafolha.

Analistas ouvidos pela Folha citaram que um dos motivos para o forte ganho da Bolsa nesta manhã são rumores de que a candidata do PSB à Presidência deverá ganhar espaço na pesquisa Ibope, que, de acordo com o TSE, deverá ser divulgada antes do levantamento Datafolha. Além disso, analistas citam que a forte queda de 6,19% do Ibovespa na semana passada estimula um ajuste do mercado.

Os papéis do setor financeiro disparavam e colaboravam para o bom desempenho do Ibovespa. Às 12h40, o Itaú Unibanco subia 4,73%, a R$ 39,78, enquanto o papel preferencial do Bradesco tinha valorização de 4,60%, para R$ 39,94.

Mas quem puxava a lista das maiores altas do Ibovespa era a Oi, cujo papel preferencial alcançava alta de 11,92%, a R$ 1,69. O jornal italiano Il Sole 24 Ore informou que a Telecom Italia, dona da TIM, considera uma aliança com a Oi. As ações da TIM, por sua vez, recuavam 1,59%, a R$ 13,55 cada uma.

"Está longe de se chegar a um final a novela no setor de telecomunicações. Se uma venda da Oi fosse confirmada, quem teria mais a 'ganhar' seria a própria Oi, já a TIM, como temos informado, já negocia a múltiplos elevados. No setor, preferimos não ter exposição", diz o analista Ricardo Kim, da XP Investimentos, em relatório.

Do outro lado do índice, a Cemig mostrava perda de 2,28%, para R$ 16,69. O coordenador-geral do programa de governo do candidato do PT a governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, disse em entrevista ao jornal Valor Econômico que entre as intenções de um futuro governo petista está a redução da tarifa de energia elétrica no estado.

CÂMBIO

O efeito positivo da cena política sobre o mercado de ações reduziu a demanda por aplicações consideradas mais seguras, como o dólar, o que amenizou a pressão sobre o câmbio nesta terça-feira.

A cotação da moeda americana, no entanto, deve continuar pressionada até pelo menos esta quarta-feira (17), quando o Fed (banco central dos EUA) decidirá sobre a taxa básica de juros americana, segundo operadores.

Às 12h40, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha desvalorização de 0,70% sobre o real, cotado em R$ 2,332 na venda. No mesmo horário, o dólar comercial, usado no comércio exterior, cedia 0,55%, para R$ 2,331.

O Banco Central deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, através do leilão de 4 mil swaps (operação que equivale a uma venda futura de dólares), sendo 2 mil com vencimento em 1º de junho de 2015 e 2 mil com vencimento em 1º de setembro de 2015, pelo total de US$ 197,9 milhões.

A autoridade também promoveu mais um leilão para rolagem de 6 mil contratos de swap que vencem em 1º de outubro, por US$ 296,2 milhões. Até o momento, o BC já rolou cerca de 31% do lote total de contratos com prazo para o primeiro dia do mês que vem.

Ontem, fonte da equipe econômica do governo disse à Reuters que o Banco Central poderá aumentar o volume de rolagem de swaps para tentar amenizar a volatilidade no mercado de câmbio, mas que a autoridade não deve mexer no tamanho do programa de intervenções diárias até o fim de 2014.


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