Folha de S. Paulo


Queda da economia não deve afetar o eleitorado atual de Dilma Rousseff

A fraqueza da economia do Brasil no primeiro semestre já teve o seu impacto na cabeça dos eleitores-consumidores nos últimos meses. Impediu que Dilma Rousseff melhorasse sua posição nas pesquisas de intenção de voto, apesar de o governo ter feito uma grande ofensiva de marketing em abril, maio e junho.

O resultado do PIB divulgado ontem é ruim para o governo. O dado ajudará a compor a fotografia negativa e pessimista sobre a capacidade de gestão da petista Dilma Rousseff.

Mas o fato é que dificilmente um eleitor, pobre ou rico, que esteja pensando em votar no PT decidirá agora trocar seu voto só por conhecer o número exato do estrago na economia nos últimos meses.

As pesquisas eleitorais mostram Dilma Rousseff há algum tempo mantendo estável o apoio de um terço do eleitorado. Esse grupo vota de forma regular no PT. Não se alterou por causa do desempenho ruim do PIB no primeiro semestre de 2014.

Editoria de Arte/Folhapress

O problema para a presidente não é o seu rebanho mais cativo de eleitores. A dificuldade da petista está em ampliar o grupo que pode ajudá-la a conseguir mais quatro anos no Planalto.

Nos programas eleitorais a partir de agora, o mau desempenho do PIB será explorado pelos adversários de Dilma. Vão falar sobre algo que aconteceu. A presidente tentará vender esperança para o que virá no futuro.

Nesses casos, o efeito nas urnas dependerá do sentimento real que os eleitores terão até o dia da votação, em 5 de outubro. Dilma tentará conseguir convencê-los de que tudo vai melhorar a partir de 2015.

Se a inflação ficar controlada -embora ainda num patamar alto- e não houver grandes ruídos no desemprego, a presidente tem chances de manter seus cerca de 30% ou um pouco mais dos votos.

A dúvida é como ela conseguirá ampliar esses apoios em ambiente tão adverso, como o que será propagado pelos adversários na corrida eleitoral. O voto é sempre resultado de uma equação que mistura razão e emoção.

Os brasileiros terão de se sentir tranquilos sobre a economia e também achar que Dilma é a pessoa mais adequada para conduzir o país por mais quatro anos. Por enquanto, a presidente não tem conseguido convencer a parcela de 50% do eleitorado que é necessária para ganhar a disputa em outubro.

Editoria de Arte/Folhapress

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