Folha de S. Paulo


Grife do agreste leva grandes clientes de helicóptero para sua megaloja

Cravada no meio do agreste pernambucano, a marca Rota do Mar alcançou sólida maioridade. Criada em 1996 em Santa Cruz do Capibaribe –uma das dez cidades que integram o polo de confecções do Estado–, a empresa fabrica hoje 4 milhões de peças de moda praia por ano e assim fatura R$ 38 milhões.

São três fábricas, cinco lojas próprias e três licenciadas, sendo duas na Paraíba e uma no Rio de Janeiro. Gera 580 empregos diretos e mais 550 vagas de trabalho nas empresas terceirizadas que produzem algum tipo de item para suas confecções.

NORDESTE
Infraestrutura e tecnologia movem a região

Referência para as micro e médias empresas da região, é uma das grandes indústrias têxteis pernambucanas. No Nordeste, só perde para a Guararapes, que confecciona as peças da Riachuelo.

Na busca por inspiração para a marca, o diretor do empreendimento, Arnaldo Xavier, viaja todos os anos para regiões do mundo em que a moda surf dita tendência, como Bali, Havaí e Califórnia.

"Voltamos com informações importantes sobre o nosso público-alvo, inserido nas classes C e D", explica.

Para atrair clientes do Brasil, a Rota do Mar abriu no ano passado uma megaloja, no agreste, com 1.400 m² de área interna e um diferencial: os grandes clientes, que moram num raio de até 500 km de distância, são levados de helicóptero para as compras.

"É um investimento que consideramos baixo para o retorno que alcançamos. A viagem custa em média R$ 4.000, mas conquistamos uma clientela altamente selecionada", explicou.

APL

O movimento é intenso na cidade às segundas e terças, quando há feira no Moda Center, centro de compras criado em 2006 para desaguar a produção do polo.

Nesses dias, chegam cerca de 400 ônibus e 700 vans. Compradores do Sul e do Sudeste têm marcado presença constante no polo. "Vem gente de todo o país para comprar. Estamos quebrando o paradigma de que Pernambuco não produz moda com qualidade", afirma o gestor do projeto de confecções do Sebrae, Gilson Gonçalves.

Segundo levantamento do Sebrae, o polo teve aumento de 56,7% no PIB, entre 2000 e 2009, em nove das dez cidades que compõem o APL (Arranjo Produtivo Local). No mesmo período, o Brasil apresentou uma alta de 36,2%, o Nordeste ficou com 47,9% e Pernambuco, com 44,3%.

Entre as empresas do polo, 9% desenvolvem as próprias coleções, indicativo de que 1.600 empreendimentos estão antenados ao mercado.

Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe concentram 77% de todas as unidades produtivas do polo –que produz 842,5 milhões de peças por ano.

Mas a informalidade e a falta de qualificação profissional são entraves ao crescimento. "Este é um dos desafios: levar [o conceito] de gestão da empresa", diz o gestor.

Ele explica que o objetivo é que as empresas imprimam qualidade aos produtos para competir com os preços baixos dos produtos, principalmente chineses, que inundam o mercado.


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