Folha de S. Paulo


Justiça dos EUA aceita pedido de recuperação judicial da Telexfree

A Corte de Falência dos Estados Unidos expediu nesta sexta-feira (30) decisão favorável ao pedido de recuperação judicial feito pela Telexfree.

Segundo a defesa da companhia, que é acusada de formar um esquema de pirâmide financeira, essa é uma importante vitória.

Agora, a Justiça dos Estados Unidos deve definir um administrador independente para gerir a empresa, que vendia serviços de voz pela internet (Voip).

A defesa da Telexfree afirma que a decisão do juiz Melvin S. Hoffman muda o andamento da ação que a companhia sofre nos Estados Unidos.

"Agora, a empresa terá condições de pagar seus credores, já que os bens serão desbloqueados e a companhia possui o valor necessário", diz o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.

O advogado é conhecido por atuar em casos de exposição nacional, como na defesa do ex-senador Demóstenes Torres, que teve o mandato cassado por envolvimento com Carlinhos Cachoeira, e do publicitário Duda Mendonça, no caso do mensalão.

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Site da empresa TelexFree, que se apresenta como fornecedora de serviços de voz
Site da empresa TelexFree, que se apresentava como fornecedora de serviços de voz

Kakay acredita que por ter aceitado o pedido de recuperação judicial da Telexfree, a Justiça vê a atuação da empresa como lícita, o que pode ajudá-la no processo civil em andamento no Brasil.

"Agora esperamos um parecer que está sendo feito pela Ernst & Young, que, se for favorável, é um forte indício de que o processo pode cair", afirma.

Na última semana, Kakay disse que o coproprietário da empresa, Carlos Wanzeler, veio ao Brasil "com medo", está no Espírito Santo e não deve ser considerado foragido.

Em abril, autoridades dos Estados Unidos congelaram milhões de dólares em bens e entraram com uma ação contra a TelexFree.

Wanzeler e seu sócio, James Merrill, são acusados de conspiração para cometer fraude eletrônica.

Merrill foi preso nos EUA no dia 9 de maio. Já Wanzeler é considerado um fugitivo pelo Departamento de Justiça americano.

NO BRASIL

No Brasil, as operações da Telexfree foram bloqueadas em 2013, por tempo indeterminado, a pedido do Ministério Público do Acre.

"A acusação de pirâmide é um crime contra a economia popular. Até ter a decisão no Acre, não existia ninguém insatisfeito, perdendo dinheiro. Mas existe essa ação que impede ela de trabalhar", disse Castro.

Para o advogado, pessoas estão sendo lesadas não pela Telexfree, mas por impedimentos judiciais.

Kakay afirma que a alegação de pirâmide financeira é falsa e que "as pessoas não entenderam direito como é o processo" da empresa.

"As pessoas que estão em baixo podem ganhar mais do que as que estão em cima. Se fosse pirâmide, o sistema já tinha estourado."


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