Folha de S. Paulo


Facebook quer dominar web móvel com rede de publicidade e apps conectados

O Facebook lançou um novo plano para ampliar seu domínio sobre a internet móvel, anunciando uma rede de publicidade móvel e uma maneira inovadora de conectar apps entre si.

O maior site mundial de redes sociais usou uma conferência de desenvolvimento de software em San Francisco para anunciar sua Audience Network, que começará a vender publicidade para outros veículos que não as redes sociais do Facebook e os apps do site.

O Facebook anunciou que seus testes da rede móvel de publicidade, iniciados em janeiro, haviam sido bem sucedidos para clientes que incluem a Target e a Coca-Cola, os quais empregaram a rede para direcionar publicidade em outros sites, como o Huffington Post.

A nova rede competirá com empresas como a Millennial Media e o Twitter, que lançou uma bolsa de publicidade móvel este mês, com base na tecnologia que adquiriu ao tomar controle da MoPub.

Mark Zuckerberg, fundador e presidente-executivo do Facebook, disse que a companhia tinha por foco a construção de uma "plataforma móvel estável", criticando rivais como o Google e a Apple por dificultar a criação de apps que funcionem em diferentes aparelhos.

"Uma plataforma do Facebook pode ocupar essa brecha", disse.

DESENVOLVEDORES

Zuckerberg apelou à audiência de desenvolvedores de apps ao prometer manter o apoio a cada versão da plataforma por pelo menos dois anos. "Queremos que vocês possam criar alguma coisa que saibam que vai durar", ele afirmou.

Em um sinal de que a companhia criada dez anos atrás está amadurecendo, ele disse que substituiria o slogan "aja rápido e quebre coisas" por "aja rápido com infra [infraestrutura] estável".

O objetivo da declaração era atender a queixas persistentes dos desenvolvedores cujo software depende da rede social do Facebook de que a companhia promove mudanças abruptas em sua plataforma, causando problemas aos criadores de apps.

Refletindo com mais amplitude sobre sua mentalidade de "hacker", na qual a tecnologia tem posição primordial, Zuckerberg disse que "meu objetivo para a cultura [do Facebook] nos próximos dez anos é criar uma cultura de amar as pessoas que servimos, tão forte, se não mais forte, que a cultura de hacking que adotamos no Facebook".

Mais cedo em sua palestra, Zuckerberg revelou uma maneira para que usuários acessem apps "anonimamente", a fim de atenuar as preocupações quanto à privacidade quando pessoas usam o botão de login via Facebook em diversos sites.

Ele disse que não queria que as pessoas fossem apanhadas de surpresa pelas informações que compartilham com o Facebook, que no passado foi pesadamente criticado pelo tratamento que dá à privacidade dos usuários.

PRIVACIDADE

Em uma estratégia chamada "People First", ele disse que o "[botão de login anônimo]"http://www1.folha.uol.com.br/tec/2014/04/1447720-facebook-lanca-log-in-anonimo-em-apps.shtml: permitiria que pessoas testassem um app sem revelar sua identidade ao criador, e sem preencher muitos formulários de informações, um processo muitas vezes incômodo em telas pequenas.

O Facebook mesmo, porém, ainda saberia que apps os usuários optaram por usar "anonimamente".

Se os usuários assinarem com sua identidade de Facebook, agora poderão optar sobre exatamente que informações querem transmitir aos criadores dos apps, escolhendo, por exemplo, revelar seu endereço de e-mail mas não suas fotos.

Resolvendo uma queixa já antiga dos defensores da privacidade, o Facebook agora permitirá que as pessoas impeçam que seus amigos distribuam informações que foram compartilhadas com ele por um canal privado na rede.

Em meio a um conjunto de anúncios técnicos, o Facebook também lançou o sistema "app links", que permite conectar diferentes apps em aparelhos móveis.

Por exemplo, ao ler uma reportagem, você poderá clicar no link de uma canção específica que poderá ser executada em outro app. O serviço de música online Spotify, o site de recortes Pinterest e o serviço de hospedagem de imagens Flickr estão entre os apps que já usam o novo sistema.

O Facebook comparou seu sistema de conexão entre apps aos links entre páginas de Internet já usados comumente em computadores.

Em lugar de usar cada app individualmente, os usuários de tablets e smartphones poderão saltar de página a página e item a item entre apps diferentes, de modo tão fácil quanto saltam de um site a outro em seus computadores.

GOOGLE

O Google anunciou um sistema próprio para indexar apps como se fossem sites em seu serviço de busca, em outubro. Se os criadores de apps e proprietários de sites identificarem corretamente que páginas ou itens específicos de conteúdo podem ser rastreados pelo Google, acionar um resultado de busca em um celular Android pode enviar o usuário diretamente à porção relevante de um app, se ele o tiver instalado em seu aparelho. Isso muitas vezes cria uma experiência mais lisa e rápida para o usuário do celular.

Os observadores do setor dizem que a batalha emergente pelo controle da maneira pela qual apps se conectam uns aos outros pode ser a mais significativa frente de batalha nova na guerra entre Google e Facebook. Reunir dados mais detalhados sobre a forma pela qual as pessoas usam apps e as conexões entre eles poderia permitir sistemas de busca mais sofisticados para redes móveis, ou publicidade direcionada de maneira mais efetiva.

O Facebook anunciou que as ferramentas postadas no site AppLinks.org são de "fonte aberta", o que significa que qualquer desenvolvedor pode usá-las de graça, e que a companhia só vê dados sobre como os links são usados caso eles conduzam de ou para apps do Facebook em si. O Twitter, rival do Facebook e Google nas redes sociais, não está entre os participantes do esquema, por enquanto.

Al Hilwa, analista da IDC, disse que o Facebook mostrou "um distinto ar de maturidade" em sua apresentação, tanto ao melhorar as ferramentas disponíveis para os desenvolvedores como por suas tentativas de reforçar a confiança dos usuários.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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