Folha de S. Paulo


BC reduz previsão para superavit comercial e para deficit com viagens ao exterior

O Banco Central reduziu a previsão para o superavit da balança comercial em 2014 de US$ 10 bilhões para US$ 8 bilhões.

A explicação para a mudança é a expectativa para as exportações, que recuou de US$ 255 bilhões para US$ 253 bilhões. Para as importações, foi mantida a projeção de US$ 245 bilhões.

Devido à reestimativa para o saldo comercial, o BC alterou sua previsão para o deficit nas transações de bens e serviços com o exterior, que subiu de US$ 78 bilhões para US$ 80 bilhões.

Em fevereiro, o deficit ficou em US$ 7,44 bilhões, abaixo dos US$ 8 bilhões estimados pelo BC. No acumulado do ano, cresceu de US$ 17,9 bilhões para US$ 19 bilhões.

VIAGENS AO EXTERIOR

O BC também reviu a previsão de deficit nas contas de viagens internacionais de US$ 19 bilhões para US$ 18,5 bilhões. Para lucros e dividendos foi mantida a previsão de saída de US$ 27 bilhões.

"Já vemos alguns sinais de desaceleração, ainda moderados, em algumas contas importantes de serviços, em particular de viagens internacionais, que mostra recuo em relação ao mesmo período do ano passado", disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.

O deficit com viagens recuou de US$ 2,84 bilhões para US$ 2,80 bilhões na comparação entre o primeiro bimestre de 2013 e de 2014.

"Há outros fatores além da taxa de câmbio que influenciam isso, mas o câmbio contribuiu para esse arrefecimento que estamos vendo agora. Isso também está associado à renda. O crescimento da renda favoreceu a expansão das viagens internacionais", afirmou Maciel.

A taxa média de câmbio no primeiro bimestre passou de cerca de R$ 2,00 em 2013 para aproximadamente R$ 2,38 em 2014.

INVESTIMENTOS

Para o IED (Investimento Estrangeiro Direto), foi mantida expectativa de ingresso de US$ 63 bilhões. Para ações, a previsão caiu de US$ 10 bilhões para US$ 5 bilhões. Para entrada de capital estrangeiro em renda fixa, subiu de US$ 10 bilhões para US$ 15 bilhões.

Segundo o BC, o investimento estrangeiro segue financiando cerca de 80% do deficit em transações correntes há algum tempo, o que é um indicador positivo. A autoridade diz ainda que outra fonte importante de financiamento são empréstimos de médio e longo prazo, que também aumentaram este ano.

"Estamos com um deficit em transações correntes de 3,7% do PIB em 12 meses e com condições de financiamento confortáveis, porque o IED segue ingressando em volume expressivo e as taxas de rolagem [de empréstimos] estão acima de 100%", afirmou Maciel.

"Em termos de indicadores externos, a situação do país é robusta. Há solidez nas nossas contas externas", afirmou.

Em relação ao investimento no mercado financeiro, o destaque este ano é o investimento estrangeiro em renda fixa, com saldo de quase US$ 10 bilhões até o dia 20 de março, resultado influenciado pela alta dos juros no Brasil. Já para ações, no mesmo período, o saldo é positivo em cerca de US$ 300 milhões.


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