Folha de S. Paulo


Argentinos guardam dólar no 'Colchão Bank'

A maioria das pessoas que conseguiu comprar dólares para investimento nesta semana na Argentina optou pelo "Colchão Bank", nome inventado para quem prefere guardar dinheiro em casa.

Segundo informou a Afip (Administração Federal de Ingressos Públicos), a Receita Federal do país, de segunda a quarta foram feitas 230.338 solicitações para a aquisição de dólar.

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No momento de escolher se prefeririam retirar o dinheiro na hora ou depositá-lo no banco, 90% dos interessados escolheram a primeira opção: 214.015 pessoas.

Ao optar por levar os dólares, esses contribuintes recusaram a oferta do governo de não cobrar 20% de Imposto de Renda para quem deixar o dinheiro em contas de poupança ou em algum fundo.

HÁBITO ANTIGO

O hábito dos argentinos em guardar dólares em casa não é novo. Por causa das crises econômicas pelas quais o país atravessou e da alta inflação no país, os cidadãos têm medo de fazer qualquer investimento em peso, o que os leva a comprar dólar.

A Casa Rosada estipulou em 20% da renda líquida mensal a quantidade de dólares que o cidadão poderá adquirir, com o limite máximo de US$ 2.000.

O arquiteto Gonzalo, 41, que pede anonimato, diz que poupa em dólar há 30 anos, quando ganhou a primeira cédula da moeda americana de presente dos pais.

"Em casa eu não guardo mais do que US$ 3.000, porque tenho medo", diz à Folha. "O que passa dessa quantia eu deixo em caixas de segurança em bancos."

Ele conta que não pediu autorização para a compra de dólares pelo câmbio oficial, porque o limite é baixo.

LUCRO IMBATÍVEL

A empresária Adriana, 55, que pede para não ser identificada, é dona de uma loja de decoração e também guarda dólares em casa.

"Se você coloca seu dinheiro em um fundo de prazo fixo, pode ganhar até 18% ao ano. Com o dólar na mão, em um momento como este, eu ganho o dobro", diz.

Martin Zabala/Xinhua
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