Folha de S. Paulo


Habib's muda identidade visual e decide plantar até tomate para garantir preço baixo

O Habib's está de cara nova. Após um investimento de R$ 2 milhões em uma consultoria de marca, a rede de comida árabe a preços populares inaugura no final de novembro uma espécie de "loja-conceito" nas proximidades do estádio Itaquerão, na zona leste.

Fachada, mobiliário, uniformes e embalagens foram redesenhados com a nova identidade visual --que, aos poucos, será estendida para as 430 lojas da rede. "Queremos aproveitar a oportunidade da Copa para apresentar a marca para o mundo", diz Alberto Saraiva, 60, sócio fundador.

Gabo Morales/Folhapress
O fundador do Habibs, Alberto Saraiva, 60, e a herdeira da rede Bruna Saraiva
O fundador do Habibs, Alberto Saraiva, 60, e a herdeira da rede Bruna Saraiva

Para manter-se fiel à clientela da classe C e garantir preços de salgados e menos de R$ 1, a rede está intensificando a verticalização dos processos.

Pães e sorvetes, que já eram produzidos internamente, vão ganhar uma nova fábrica em Itapevi (SP).

E a empresa vai começar a plantar tomate e cebola. "Quando o preço do tomate disparou, tivemos a ideia de trazer isso para dentro da empresa", diz Saraiva. "Produzir internamente é a única forma para conseguir manter essa política de preço baixo com qualidade."

Nos próximos dois anos, a empresa investirá R$ 35 milhões em empresas de processamento de vegetais e de frutas e sucos congelados, e também de armazenagem e distribuição de frios.

COPA
O empresário acredita que a Copa do Mundo poderá fazer de 2014 o melhor ano da década. "A única coisa que pode atrapalhar são as manifestações. Se houver essa agitação, o resultado que estamos esperando pode não acontecer", diz Saraiva.

Para este ano, enquanto a economia patina, o Habib's prevê crescimento de 14%. "Em temos de crise a gente cresce até mais pois as pessoas dão mais valor ao custo-benefício dos nossos produtos", diz Saraiva.

O empresário não revela dados de faturamento nem lucro, mas está preparando a companhia para se tornar uma empresa de capital aberto, com ação em bolsa. "Vou revelar os números no momento certo. Toda hora recebo consulta de gente querendo comprar a empresa", diz ele.

Ele afirma que é também assediado por banqueiros com propostas de abertura de capital. "Esse pessoal, o André Esteves [sócio do BTG Pactual], os banqueiros, estão na fase da conquista. E eu estou aprendendo com esse negócio de IPO [oferta inicial de ações, da sigla em inglês]."

Saraiva acredita que dentro de dois a três anos a empresa estará pronta para uma abertura de capital. "O mundo caminha para isso e realmente pode acontecer. Mas nosso endividamento é zero e não temos necessidade de capital. Vamos adotar princípios de governança corporativa para preparar a companhia para os próximos 25 anos."

Bruna, 23, a mais velha de cinco filhos de Saraiva, começou na empresa este ano. É formada em administração pelo Insper e está sendo treinada para sucedê-lo no futuro.

TRAJETÓRIA

Saraiva nasceu em Portugal e veio com a família para o Brasil aos 6 meses de idade.

Formou-se em medicina, mas já no primeiro ano da faculdade teve que se dividir entre os estudos e o trabalho, ao herdar uma padaria do pai, que morreu assassinado.

Mas a padaria era "péssima" e ele quase desistiu. Até que um dia resolveu vender os pãezinhos com 30% de desconto em relação ao preço tabelado pela Sunab. "Explodi de vender e aprendi que o negócio é vender barato."

Influenciado por um senhor de 70 anos que conheceu e que havia trabalhado como chef de comida árabe, abriu o primeiro Habib´s na Lapa em 1988, com esfihas a 19 centavos de cruzados.

"Tinha fila na porta nos primeiros 42 dias", lembra o empresário. Hoje as esfihas de carne custam R$ 1,45 e, em 25 anos, contabilizam a marca de 7,6 bilhões de unidades vendidas.

RAIO-X

Lojas 480, considerando Habib's, Ragazzo e Box30
Faturamento não divulga
Lucro não divulga
Principais concorrentes McDonald's, Bob's, Giraffas


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