Folha de S. Paulo


Segurança para leilão do pré-sal barra trabalhadores e jornalistas em via do Rio

Jornalistas, trabalhadores e até mesmo moradores são barrados, desde as 7h desta segunda-feira, na avenida Lúcio Costa, na orla da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.

A ação acontece por causa do leilão do campo de Libra, o primeiro a prever a exploração de petróleo e gás natural na camada pré-sal sob o regime de partilha (em que a União fica com parte do óleo extraído pelas empresas vencedoras).

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"Me sinto violentada, invadida com isso tudo. Estou de roupa de ginástica, caminhando, seguindo a minha rotina de mais de 30 anos aqui na Barra. Estou constrangida porque me pediram identificação para passar", disse a moradora Diana Barros, 60.

Um capitão da Força Nacional, identificado apenas como Serra, ameçou dar voz de prisão à reportagem da Folha e da emissora Record, caso os profossionais ultrapassassem uma barreira formada por soldados.

Por volta das 8h, um novo bloqueio com ferros e cordas impediu a passagem.

"E aí como a gente faz agora? Estou ligando para o meu chefe e ele não atende. Isso é uma falta de respeito com a pessoa, com o trabalhador", disse a doméstica Maria da Conceição da Silva, 40.

Alguns moradores observavam o movimento da Força Nacional. "Só a nado para atravessar", concluiu a moradora Suzana Martins, 55, que passeava com o cachorro.

"Uma palhaçada! Fecharam a praia, colocaram navio da Marinha e a Força Nacional para agir num evento de entrega do nosso petróleo para os estrangeiros", lamentou o empresário André Candau, 50.

Por volta das 9h30, um grupo de 100 petroleiros, sindicalistas, ambientalistas e representantes de movimentos sociais contrários a exploração da iniciativa privada chegaram à área isolada gritando palavras de ordem.

"Um, dois, três, quatro, cinco mil, o petróleo é nosso, pertence ao Brasil", diziam os ativistas com bandeiras e cartazes nas mãos.

"Estamos entregando o ouro ao bandido. Nunca imaginei ver, na minha velhice, o meu país entregar sua maior riqueza ao exterior. Me vesti para vir a um velório. Lamento muito essa entrega vergonhosa", afirmou Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES e ex-reitor da UFRJ.


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