Folha de S. Paulo


A dois dias do calote, impasse nos EUA gera instabilidade nas Bolsas

Faltando dois dias para que os Estados Unidos deem calote em seus credores, investidores acompanham com cautela as negociações entre democratas e republicanos para que seja elevado o teto da dívida do governo americano, o que traz instabilidade aos mercados globais.

Aqui, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, tinha alta de 0,29%, às 13h40, aos 54.330 pontos. O indicador passou boa parte do dia oscilando entre altas e baixas, assim como os mercados acionários dos EUA, que caem neste início de tarde.

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Às 13h40, o índice americano Dow Jones caía 0,26%, a 15.261 pontos, enquanto o S&P 500 mostrava baixa de 0,18%, a 1.707 pontos. Já o termômetro de tecnologia Nasdaq registrava desvalorização de 0,14% no mesmo horário, a 3.810 pontos.

Os EUA voltaram ao centro das atenções nesta terça-feira, com a proximidade do dia 17 de outubro, data limite para que republicanos e democratas acordem o aumento no teto de endividamento do governo americano para evitar um calote. Também seguem as conversas para definir o orçamento dos EUA para o ano fiscal que começou em outubro.

Até que isso ocorra, segue a paralisação do governo dos EUA, que já está em sua terceira semana. Nesse período, parques, museus e outros espaços públicos permanecem fechados, além de milhares de funcionários estarem impedidos de trabalhar, numa medida radical para cortar imediatamente os gastos do governo americano.

Hoje, o presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, John Boehner, disse que nenhuma decisão foi tomada ainda em relação à legislação da Casa para reabrir o governo e elevar o teto da dívida.

"Há muitas opiniões sobre qual direção seguir. Não há decisões sobre o que exatamente iremos fazer. Mas nós vamos continuar a trabalhar com nossos membros em ambos os lados, para tentar garantir que não haja calote e para reabrir nosso governo", afirmou Boehner durante uma entrevista a jornalistas, após se reunir com republicanos da Câmara.

Mais cedo, deputados republicanos haviam dito que esperavam aprovar um projeto próprio sobre a reabertura do governo americano diferente da proposta sendo negociada no Senado. A ideia do novo projeto, no entanto, foi recusada posteriormente.

Segundo especialistas consultados pela Folha, embora o impasse nos EUA faltando poucos dias para o calote faça com que os investidores pisem no freio e operem com cautela, a chance de que republicanos e democratas não cheguem a um consenso é pequena.

"Os Estados Unidos não devem deixar que ocorra o calote. Estamos falando de muito dinheiro que deixaria de ser pago aos credores, sendo a economia chinesa o principal deles. Imagina o efeito em cadeia: EUA dão calote na China, que dá calote em nos países com os quais mantém relações comerciais, ou seja, o Brasil e o mundo. Um estrago sem precedentes. Isso não irá acontecer", diz Julio Hegedus, economista-chefe da consultoria Lopes Filho.

Para Hegedus, o fato de políticos de ambos os lados nos EUA estarem se empenhando para chegar a um acordo é um sinal positivo. "É um alento o fato de haver uma negociação, ou seja, ambas as partes [democratas e republicanos] estão dispostas a chegar em um consenso. Isso reduz a preocupação do mercado."

O avanço das ações de Eike Batista ajudavam a Bolsa brasileira, às 13h40. Os papéis da OGX (petróleo) subiam 17,39%, enquanto as ações da MMX (mineração) ganhavam 9,09%, depois de Eike ceder o controle do porto de minério de ferro da companhia para a holandesa Trafigura e para o fundo Mubadala, em um acordo de US$ 996 milhões.

Em sentido oposto, ações do setor de construção estavam entre as maiores quedas do Ibovespa após a Cyrela ter mostrado redução de lançamentos e vendas na prévia operacional do terceiro trimestre, divulgada ontrem. Entre as baixas, destaque para Gafisa (-4,66%), PDG (-1,76%), Brookfield (-0,62%) e Cyrela (-2,24%).

CÂMBIO

No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha baixa de 0,40% em relação ao real, às 13h40, cotado em R$ 2,177 na venda. No mesmo horário, o dólar comercial, usado no comércio exterior, estava estável em R$ 2,178.

O Banco Central realizou mais cedo um leilão de swap cambial tradicional, que equivale à venda de dólares no mercado futuro. A autoridade vendeu, ao todo, 10 mil contratos com vencimento em 5 de março de 2014, por US$ 497,7 milhões. A operação estava prevista pelo plano da autoridade para conter a escalada do dólar.

Com Reuters


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