Folha de S. Paulo


Revista destaca cortes na Heinz feitos por executivos brasileiros

A edição de 28 de outubro da revista "Fortune" traz uma reportagem intitulada "Espremendo a Heinz", sobre os cortes promovidos pelos brasileiros que compraram a empresa em fevereiro.

O 3G Capital, dos empresários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, proprietários da AB Inbev e do Burger King, estão reduzindo custos radicalmente, em US$ 11,6 bilhões.

Na nova Heinz, diz a revista, a ordem é cortar qualquer custo. Dos 1.200 funcionários da sede, em Pittsburgh (EUA), 350 já foram demitidos.

Além disso, os novos controladores substituíram 11 dos 12 principais executivos da empresa, segundo a revista, substituindo-os por subordinados mais identificados com as novas diretrizes ou por profissionais trazidos de outras empresas do 3G.

O novo presidente, aliás, é o brasileiro Bernardo Hees, que já tinha sido alocado antes no Burger King.

Outras ações adotadas pelos novos donos incluem a venda do avião corporativo, a redução do espaço da sede (de dois prédios para um) e o fim dos escritórios individuais -até o presidente passou a trabalhar em mesas compartilhadas, "a poucos centímetros de outra pessoa" e dividindo gaveteiros.

As medidas englobam também o uso encorajado de uniformes com a marca Heinz, o uso de hotéis simples, "estilo Holiday Inn", em viagens, e um grande aumento na carga diária de trabalho.

Há ainda cortes meio folclóricos, como a decisão de que diretores terão, no máximo, cem cartões de visita ao ano.

A nova gestão segue a filosofia do trio da 3G: custos são a variável mais importante a ser controlada -ao contrário dos preços, que estão fora do alcance dos gestores.

Anteriormente, "choques" similares em empresas como a cervejaria belga Interbrew causaram indignação de sindicatos e políticos.

A "Fortune" lembra que, embora os donos de marcas como Skol e Brahma sejam inquestionavelmente competentes em custos, não se sabe quais serão os efeitos da nova filosofia na qualidade do ketchup Heinz, "que permitiu que ele fosse líder de mercado por tanto tempo".

Além dos brasileiros, participa da gestão da empresa o investidor Warren Buffett.

"As ações difíceis tomadas agora permitirão um futuro com crescimento e uma estrutura organizacional simples e forte", disse à revista Michael Mullen, vice-presidente de assuntos corporativos.


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