Folha de S. Paulo


Brasil precisa melhorar qualidade e cobertura da internet para empresas, mostra estudo

Um estudo divulgado pela Firjan (Federação das Indústria do Estado do Rio de Janeiro) nesta segunda-feira (30) mostra que o Brasil precisa ampliar a cobertura e qualidade da banda larga para tornar as empresas mais competitivas mundialmente.

Segundo a pesquisa, um documento com 3,8 gigabyte demora cerca de nove horas e meia para ser baixado por uma micro ou pequena empresa brasileira que utiliza velocidade de 1 megabyte por segundo. "As grandes empresas utilizam os chamados "links dedicados" e conseguem velocidades maiores", diz Cristiano Prado, gerente de competitividade industrial e de investimentos da federação.

Na Coreia do Sul, diz o estudo, o tempo para qualquer empresa cai para 34 segundos, considerando a velocidade de 1 gigabyte por segundo. Segundo a Firjan, em 2012, o país asiático universalizou essa velocidade para as suas empresas.

"A internet é um insumo para as empresas tão importante quanto outros serviços básicos, como energia elétrica e gás", afirma Prado.

Em resposta ao estudo, o ministro Paulo Bernardo (Comunicações) afirmou que as metas do PNBL não são para empresas, mas sim para domicílios.

INFRAESTRUTURA

"Nós temos consciência das limitações da infraestrutura no Brasil. Precisamos ainda avançar muito, mas essas metas que foram apresentadas não existem, não temos meta de velocidade para as empresas. O PNBL diz respeito a acesso domiciliar", afirmou em evento da federação, no Rio.

De acordo com o site do Ministério das Comunicações, a meta do PNBL (Plano Nacional de Banda Larga) é proporcionar o acesso à banda larga a 40 milhões de domicílios brasileiros até 2014 à velocidade de no mínimo 1 Mbps. Segundo o IBGE, o país tinha 62,8 milhões de lares em 2012.

Já o gerente responsável pelo levantamento informa que há também metas para micro e pequenas empresas no documento do PNBL. De acordo com ele, a velocidade que o governo se propôs a buscar para essas empresas é de 2,5 Mbps. "Mas como o governo considera o 1 Mbps por segundo para todo o plano, usamos esse número ao invés dos 2,5 Mbps", disse.

Segundo o gerente da Firjan, o Brasil precisa de metas mais ambiciosas. "Ao se olhar para outros países, vemos que elas são muito modestas". Ele cita países como Índia, que quer universalizar a cobertura de 10 mbps para empresas nas grandes cidades e a vizinha Argentina, que estabeleceu que 80% das empresas devem ter acesso de 50 Mbps em 2016.

Outros exemplos mostrados no estudo são a Alemanha, que terá 75% das empresas com acesso a velocidade de 50 Mbps em 2014, e Singapura, onde a cobertura de 1 Gbps será atingida pelas empresas neste ano.

A pesquisa traz ainda uma radiografia da banda larga para empresas no país atualmente. Houve uma queda no custo do serviço. Para contratar 1 mbps de velocidade o custo é de R$ 48,55, ante os R$ 70,85 de 2011. No caso de 10 mbps, o preço foi de R$ 105,23, em 2011, para R$ 88,87.

No entanto, a minoria das empresas brasileiras possui acesso à internet de velocidade superior a 10 mbps. O percentual não foi informado.

Segundo a Firjan, devido a limitações da infraestrutura existente, parte considerável das empresas ainda utiliza velocidade de até 1 mbps. "Muitas empresas simplesmente não conseguem contratar uma velocidade maior porque há locais onde não há esse acesso", diz Prado.


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