Folha de S. Paulo


População 'super rica' atinge recorde no mundo, mas cai no Brasil

Afetada pelas perdas no Brasil, a América Latina foi a única a registrar queda no número de "super ricos". Cinco anos após a crise financeira, o número de pessoas com fortuna pessoal superior a US$ 30 milhões é recorde no mundo.

Enquanto as fortunas latino-americanas registraram queda de 4,1% no período, no Brasil o número de super milionários recuou 13% em relação a 2012, passando de 4.640 para 4.015 neste ano, informou relatório divulgado nesta terça-feira (10) pelo banco UBS e pela Wealth-X, empresa especializada em pesquisas sobre o segmento de altíssima renda.

No mundo, o número de "super ricos" atingiu um recorde. Hoje, pouco mais de 199 mil pessoas concentram riqueza de US$ 27,7 bilhões, afirma o relatório. É um avanço de 6,3% em comparação ao ano passado, motivado sobretudo pela recuperação econômica dos Estados Unidos e Europa.

Segundo o documento, a queda no Brasil foi provocada pelo baixo crescimento econômico do país, de 0,9% em 2012 segundo o IBGE, as incertezas trazidas pelas manifestações populares, o endividamento das famílias --que levou à desaceleração econômica--, além do déficit no comércio exterior, que ultrapassou os US$ 5,3 bilhões nos primeiros cinco meses do ano.

A fortuna dos brasileiros super ricos caiu 11%, de US$ 865 bilhões para US$ 770 bilhões. Desses US$ 95 bilhões perdidos, mais de US$ 20 bilhões -- ou mais de US$ 1 em cada US$ 5 -- podem ser atribuídos ao empresário Eike Batista, cujo conglomerado assiste à desvalorização acelerada de suas ações nos últimos 12 meses.

Mas o Brasil não foi o único a apresentar diminuição de fortunas entre os países dos Brics (bloco de emergentes integrado ainda por Rússia, China, Índia e África do Sul). O número de "super ricos" chineses caiu de 11.245 para 10.675. O país asiático experimentou neste semestre a desaceleração da economia, que vinha crescendo ininterruptamente nos últimos anos.

EUA E EUROPA

O relatório assinala a recuperação econômica na América do Norte como o principal fator para o crescimento de 9% das riquezas na região. Segundo previsões do FMI, o PIB norte-americano vai continuar crescendo em 2013: 1,9%, contra 2,5% em 2012.

Além disso, a queda no desemprego levou ao aumento na venda de novas casas e ao aumento do consumo, diante da maior confiança na economia. Só nos Estados Unidos, "os super ricos" passaram, em um ano, de 60.280 para 65.505.

Na Europa, onde as fortunas cresceram 10,4%, o bom desempenho de Alemanha e Suiça tem ajudado o continente a se recuperar. Até a Grécia, um dos países mais atingidos pela crise, abriga a segunda população de "super ricos" que mais cresce na Europa -- 11%. A fortuna dessas pessoas cresceu 20% em um ano, de US$ 50 bilhões para US$ 60 bilhões.


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