Folha de S. Paulo


ANP quer se aproximar da CVM após divergências com informações da OGX

A diretora-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), Magda Chambriard, disse nesta quarta-feira (28) que pretende discutir uma aproximação com a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para evitar novos casos de divergências entre a produção declarada pelas empresas ao mercado financeiro e a identificada pela agência reguladora.

A medida ocorre após a OGX, do empresário Eike Batista, ter anunciado que poderia retirar até 20 mil barris por dia em Tubarão Azul e Tubarão Martelo.

"Não era muito razoável", disse Chambriard. "A área de água rasa não tem essa produtividade, ela produz menos. Se vocês compararem os poços vocês vão ver isso. Naquela área não tem poço de 10 mil barris", afirmou.

Segundo ela, ficou um "vazio" entre o trabalho feito pela CVM e o da ANP que precisa ser discutido.

"A indústria do petróleo no Brasil, aberta, é nova. Então o próprio mercado financeiro vai aprender a trabalhar com ele. O que é muito comum em outros países, no Brasil ainda é novo", disse.
Segundo ela, o trabalho feito da maneira correta nas duas frentes, mas "a interseção entre eles provavelmente deixou algum 'gap', algum vazio, que precisa ser preenchido".

"Vou ver como me aproximar da CVM para avaliar se existe algum trabalho em conjunto que possamos fazer".

Ela destacou que no início da produção, os poços estavam atingindo boas marcas.

"Foram declinando a produção. O processo de administração dos dados e o projeto da ANP está correto. Acontece que os passos da produção e da exploração do petróleo são muito mais lentos que do mercado financeiro", completou.

A previsão da ANP é de que Tubarão Azul continue produzindo até meados do ano que vem.

CRITÉRIOS

Chambriard disse também que o caso não demanda alteração nos processos de escolha dos concorrentes para as próximas licitações.

"Os critérios para participação têm que ser muito objetivos. Do contrário abrimos mão da transparência", disse.

A ANP hoje avalia, por exemplo, se a empresa possui profissionais adequados, se tem patrimônio suficiente e se cumpre os requisitos técnicos e econômicos.

"Se entrarmos em critérios mais subjetivos, vamos abrir mão da transparência que é tão elogiada pelo mundo inteiro. O processo está funcionando muito bem", ressaltou.

"Grande parte das empresas estão funcionando direitinho. Não vamos abrir mão da transparência do processo por um caso que a gente acha que poderia ter acontecido de uma forma melhor".


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