Folha de S. Paulo


Vale cobra US$ 150 milhões da Thyssen e atrasa venda da CSA

Um impasse entre a Vale e a alemã ThyssenKrupp, sócias na siderúrgica CSA, atrasa ainda mais o processo de venda da usina brasileira, instalada no Rio e cuja principal interessada é a CSN.

Insatisfeita com a gestão do grupo alemão na usina, controlador da CSA com 73% do capital, a Vale cobra US$ 150 milhões (cerca de R$ 300 milhões) sob forma de indenização.

A mineradora é minoritária na CSA (27%) e se sente prejudicada com problemas na administração da companhia desde a sua construção.

O imbróglio é mais um obstáculo à venda da CSA para a CSN, que já apresentou uma proposta firme de compra da usina e de outra siderúrgica do grupo nos EUA. Só após resolvido o conflito é que a transação poderá ser fechada.

10.dez.2012/Reuters
Siderúrgica CSA, no Rio de Janeiro
Siderúrgica CSA, no Rio de Janeiro

A origem da disputa retrocede a 2009. Naquele ano, a Vale injetou capital na CSA sob pressão do governo, que temia que a obra não saísse diante da falta de recursos da Thyssen para concluir o projeto. Com isso, a mineradora elevou sua participação de 10% para 27% na usina.

A Vale queria participar também da gestão, indicando executivos. A Thyssen não aceitou a proposta. A solução, então, foi estabelecer uma indenização em caso de desempenho insatisfatório. É o que a Vale cobra agora.

Além da indenização, a mineradora defende que a Thyssen perdoe R$ 800 milhões de uma dívida total de R$ 2 bilhões que a CSA tem com sua controladora. O valor também correspondente a erros de gestão.

Dentre as falhas, a Vale vê problemas na obras (especialmente na construção dos alto fornos por empresa chinesa, depois substituída por outra para concluir o serviço) e na compra de matérias-primas.

O impasse ainda está sendo negociado pela Vale e pela Thyssen na esfera privada, sem envolver ainda uma corte de arbitragem internacional.

Procurada, a Thyssen confirma que negocia com a Vale, mas não diz sobre quais bases. "Estamos em negociações intensas. Essas negociações incluem conversas com o nossos parceiros Vale e BNDES [que financiou a obra da CSA]", afirma.

O objetivo, diz o grupo alemão em nota, é "assinar um acordo de imediato" para a venda da CSA. (PEDRO SOARES E DIOGO FERREIRA GOMES)


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