Folha de S. Paulo


PIB decepciona e Bolsa brasileira cai mais de 2%; dólar sobe 1,5%

O principal índice de ações da Bolsa brasileira, o Ibovespa, cai mais de 2% na tarde dessa quarta-feira (29), pressionado pelo crescimento abaixo do esperado da atividade econômica brasileira no primeiro trimestre do ano, além do clima negativo nos principais mercados internacionais.

Às 16h30 (horário de Brasília) --uma hora antes do fim dos negócios--, o Ibovespa registrava desvalorização de 2,09%, para 54.861 pontos. O índice fechou os últimos dois dias no vermelho, somando desvalorização de 0,66% no período.

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Com o resultado negativo da indústria, o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 0,6% no primeiro trimestre do ano na comparação livre de influências sazonais com os últimos três meses de 2012 --abaixo do previsto pelo mercado, cujas expectativas apontavam para uma expansão de cerca de 0,9%.

"O número foi decepcionante. De novo. Esse PIB deve estimular uma revisão para baixo nas projeções de crescimento do Brasil no ano, mais uma vez", avalia Pedro Galdi, da SLW Corretora.

"Esse número assusta os investidores estrangeiros e esse cenário, somado ao possível corte nos estímulos econômicos nos EUA, acaba fortalecendo a fuga do capital externo na Bolsa brasileira, que ontem caiu mais do que os demais mercados internacionais. Hoje deve ser igual", completou Galdi.

O resultado aumenta também as expectativas para a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) sobre o patamar da taxa básica de juros --a Selic-- nesta noite.

Embora parte do mercado aposte na possibilidade de o BC subir a taxa dos atuais 7,5% para 8% ao ano, os números do PIB, especialmente o de consumo das famílias, que ficou estagnado, sugere que a autoridade pode apenas voltar a subir a Selic em 0,25 ponto percentual para não comprometer ainda mais o desempenho econômico.

O crescimento do PIB no primeiro trimestre deste ano foi classificado como "muito ruim" pelo governo Dilma e deveria levar, na avaliação de assessores presidenciais, o Banco Central a manter o ritmo de aumento da Selic-- de 0,25 ponto percentual, o que a levaria para 7,75% ao ano após a reunião do Copom de hoje.

AÇÕES

Com a queda nos preços das commodities (matérias-primas) no exterior, as ações mais importantes do mercado brasileiro registram queda e puxam o Ibovespa para baixo.

Às 16h34, as ações mais negociadas de Petrobras (PETR4) e Vale (VALE5) caíam 0,59% e 0,26%, respectivamente, para R$ 19,95 e R$ 29,69. Esses papéis representam, juntos, mais de 17% do Ibovespa.

As ações com as maiores quedas no Ibovespa hoje eram as do grupo EBX, de Eike Batista. Às 16h36, os papéis da OGX Petróleo --que representam mais de 5% do Ibovespa-- caíam 8,43%, para R$ 1,52, enquanto os da MMX Mineração tinham perda de 6,40%, para R$ 1,90.

DÓLAR

O dólar à vista, referência para as negociações no mercado financeiro, registra forte alta em relação ao real nesta quarta-feira depois que o ministro Guido Mantega (Fazenda) disse que a valorização da moeda americana não é uma preocupação para o governo e que o câmbio não será usado como ferramenta para combater a inflação.

Às 16h37, o dólar à vista subia 1,52% em relação ao real, cotado em R$ 2,106 na venda. No mesmo horário, o dólar comercial --utilizado no comércio exterior-- tinha valorização de 1,78%, para R$ 2,111.


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