Folha de S. Paulo


Domésticos querem ganhar R$ 900 para trabalhar de segunda a sexta

O Sindoméstica-SP (Sindicato das Empregadas e Trabalhadores Domésticos da Grande SP) entregou a pauta de reivindicações da categoria ao sindicato patronal. Esse é o primeiro passo para definir a convenção coletiva dos domésticos, que determinará algumas regras de pagamentos e de benefícios das empregadas.

O documento foi protocolado na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego na terça-feira e pede piso salarial de R$ 900 para os domésticos, valor acima do salário mínimo regional de São Paulo, de R$ 755.

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Os patrões já receberam os pedidos. A presidente do Sedesp (sindicato dos patrões), Margareth Carbinato, diz que o próximo passo das negociações é fazer uma assembleia com os empregadores para discuti-los e, então, apresentar uma contraproposta.

"Ainda está em fase de negociação." A reunião, marcada para o dia 27, pode ser adiada, já que o sindicato patronal diz que é preciso mais tempo para discutir com os empregadores.

Para a convenção coletiva começar a valer, é preciso que os dois sindicatos entrem em um acordo.

Alan Balaban, advogado trabalhista, diz que a convenção coletiva serve para dar direitos aos empregados e deveres aos patrões no caso do que não está na lei. Se os empregadores não respeitarem a convenção, os domésticos poderão ir à Justiça.

A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos Domésticos foi aprovada em abril.

Direitos como horas extras e jornada de 44 horas semanais já estão valendo. Outros, porém, precisam de regulamentação, como FGTS, demissão sem justa causa, seguro-desemprego e adicional noturno.

Veja abaixo a proposta do Sindoméstica-SP de piso salarial para cada atividade:

Atividade Piso (em R$)
Doméstico 900
Copeira 1.000
Babá (1 criança) 1.000
Babá (2 crianças ou mais) 1.300
Cuidador de idosos 1.300
Cozinheira 1.500
Motorista 1.500
Babá enfermeira 1.600
Governanta 3.000
Caseiro 2.500

O QUE JÁ ESTÁ VALENDO

> Salário mínimo, respeitando o valor estabelecido em cada Estado
> 13º salário
> Adicional noturno
> Hora extra
> Jornada de no máximo 44 horas semanais e, no máximo, 8 horas diárias
> Descanso mínimo de 11 horas entre duas jornadas de trabalho
> Descanso semanal mínimo de 24 horas
> Para jornada de até 6 horas, intervalo mínimo de 15 minutos; para jornada superior a 6 horas, intervalo mínimo de uma hora
> Auxílio-creche e pré-escolar para filhos e dependentes até 5 anos de idade
> Seguro contra acidentes de trabalho
> Licença-maternidade de quatro meses
> A proposta veda diferenças de salários entre domésticos do mesmo empregador e proíbe a discriminação salarial de deficientes

DIREITOS QUE PRECISAM DE REGULAMENTAÇÃO

> FGTS: 8% sobre a remuneração. Falta definir o modelo de pagamento
> Demissão sem justa causa: falta definir se a multa será de 40% do FGTS
> Seguro-desemprego: serão cinco parcelas, mas falta a publicação da regra
> Adicional noturno: de 20% sobre a hora trabalhada das 22h às 5h. A hora noturna tem 52min30seg. Falta definir em que situação será computado para trabalhadores que dormem no trabalho
> Creche e pré-escola para os filhos de até 5 anos: falta definir quando passará a valer
> Salário-família pago ao dependente: precisa de definição da Previdência
> Seguro contra acidente do trabalho: precisa de definição da Previdência

O QUE ESTÁ EM DISCUSSÃO NO CONGRESSO

> Criação de um banco de horas para compensar horas trabalhadas a mais, ou a menos, pelos domésticos
> Redução no intervalo de 1 a 2 horas para o almoço
> Jornadas diferenciadas de trabalho para cuidadores de idosos, babás, motoristas e caseiros
> Definição dos casos para demissão por justa causa dos domésticos
> Supersimples para unificar, em guia única, o recolhimento de INSS e FGTS pelos patrões
> Refis para o refinanciamento de dívidas, com redução e parcelamento de multas e juros do INSS não recolhido pelos patrões
> Redução da multa do FGTS para demissão sem justa causa de 40% para 5% a 10%
> Diminuição na alíquota de 12% do INSS recolhido pelos patrões e nos 8% dos empregados domésticos
> Contrato de trabalho padrão para a categoria
> Acordos individuais de trabalho firmados por cada empregador com o doméstico

CARTILHA

O Ministério do Trabalho e Emprego publicou a Cartilha do Trabalhador Doméstico, com perguntas e respostas sobre a nova lei.

O governo lançou também o Manual do Trabalhador Doméstico, que explica os principais direitos e deveres, além de incluir modelos de contratos e recibos.

A cartilha aponta quais são os direitos que entraram em vigor imediatamente após a publicação da lei e aqueles que ainda dependem de regulamentação.

Também indica quais possibilidades de arranjo são válidas atualmente, como a distribuição das horas de trabalho de sábado ao longo da semana.

Outros pontos abordados são: intervalo de descanso, controle da jornada, pagamento de horas extras e situação de empregados que dormem no serviço.

DOCUMENTOS

O manual oferece explicações resumidas de deveres e direitos do empregado e obrigações do empregador.

A lista de anexos contém modelos de documentos para contratação, instruções para preenchimento da carteira de trabalho, contrato de experiência, termo de rescisão e recibos de salário, vale-transporte e férias.

Além disso, informa sobre descontos, rescisão de contrato e condições mínimas de segurança, saúde, conforto e alimentação.

De acordo com a assessoria de imprensa do ministério, o material é uma primeira versão, que será atualizada com novas dúvidas e com a regulamentação da lei.

A cartilha e o manual podem ser obtidas pela Internet desde quarta-feira (23) e serão impressos para distribuição em superintendências, agências de emprego e sindicatos de empregadores e trabalhadores.

Editoria de Arte/Folhapress

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