Folha de S. Paulo


Minc estuda pedir ao BNDES bloqueio de financiamento para a CSN

O secretário do Ambiente do Rio, Carlos Minc, estuda pedir ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) o bloqueio de financiamentos para a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), caso a empresa não cumpra prazos definidos para a descontaminação de uma área residencial em Volta Redonda (RJ).

A CSN estaria negociando com o banco público recursos para a compra de ativos da alemã ThyssenKrupp, o que inclui um pedaço da CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico) e uma laminadora de aço nos Estados Unidos, a chamada divisão Steel Americas. O negócio seria dificultado sem o financiamento.

"Vamos abrir uma frente com o BNDES para que não haja concessão de crédito para a CSN, caso ela se furte das suas obrigações ambientais", afirmou Minc.

Segundo ele, o BNDES e outros bancos públicos assinaram em 2008 um documento, o protocolo Verde, "em que se comprometem em não conceder financiamentos para empresas que não cuidem de seus passivos ambientais".

Procurada, a CSN ainda não se pronunciou. O BNDES informou apenas que é signatário do protocolo. O banco público não quis fazer nenhum comentário sobre um possível um bloqueio do financiamento à companhia.

A Vale, que é sócia da ThyssenKrupp e precisa dar a sua aprovação para que a compra da CSN seja efetivada, informou em nota que quer apenas manter seus direitos assegurados pelos contratos. Ou seja, manter o fornecimento de minério de ferro. "Não cogitamos ser atores ativos do processo", informou em nota.

Já a companhia alemã declarou em nota que está analisando as opções para as duas plantas desde maio de 2012 e, no momento, está em intensas discussões com os potenciais investidores.

"Nenhuma decisão foi tomada ainda e a ThyssenKrupp está confiante de que encontrará uma solução para a divisão Steel Americas antes do fim do ano fiscal 2012/2013 [em setembro deste ano]."

CONTAMINAÇÃO

A CSN e o governo do Rio já têm um histórico de desgastes. O Estado seria contrário à aquisição da siderúrgica na zona oeste do Rio.

O governador Sérgio Cabral (PMDB) já tentou diversas vezes, sem sucesso, trazer de volta para o Rio o comando da CSN, transferido pelo empresário Benjamin Steinbruch para São Paulo.
Há o receio de que, comprando a CSA, o empresário repita o procedimento.

O governo do Rio anunciou no início de abril que a CSN cedeu um terreno ao Sindicado dos Metalúrgicos de Volta Redonda contaminado com metais pesados e substância cancerígena. Grande parte da área é ocupada atualmente por funcionários da companhia.

Na sequência, o Inea (Instituto Estadual do Ambiente, ligado ao governo do Rio) multou a CSN em R$ 35 milhões por causa da contaminação e estipulou prazos para a descontaminação do local, estudo da saúde dos moradores e remoção das famílias.

Os prazos venceram, mas a empresa pediu a prorrogação. Segundo Minc, até o final do mês será possível estabelecer se a CSN vai cumprir com as determinações.


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