Folha de S. Paulo


Ampliação de Santo Antônio precisa sair até 2º semestre, diz presidente

A Santo Antônio Energia S.A., concessionária responsável pela usina hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia, disse nesta terça-feira (2) que espera receber autorização da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para aumentar o número de turbinas do empreendimento até o início do segundo semestre.

De acordo com o presidente da concessionária, Eduardo de Melo Pinto, o projeto prevê a colocação de 12 turbinas em uma das áreas geradoras.

Essa quantidade, entretanto, pode ser ampliada para 18, o que agregaria 207 MW a garantia física atual da usina, que está prevista para 2.218 MW.

Essa mudança depende do aval da agência reguladora e do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

Há dois anos, entretanto, o projeto sofre resistência por parte dos gestores da usina de Jirau, também localizada no rio Madeira.

Jirau teria sua produção energética reduzida em 57 MW com a obra, que necessariamente afeta a queda do rio.

O presidente da usina de Santo Antônio, porém, acredita que o embate entre as duas empresas esteja chegando a um limite, uma vez que qualquer alteração no projeto da usina precisa entrar no cronograma de obras até meados de agosto, sob risco de tornar-se financeiramente inviável.

"Cerca de R$ 1,2 bi devem ser investidos adicionalmente para o projeto. Ocorre que qualquer atraso no calendário prejudica a entrega da energia das demais usinas, que já estavam previstas para entrar em funcionamento em abril de 2014", disse.

Segundo Eduardo de Melo Pinto, a "eminência de se inviabilizar a ampliação da obra" é que está pressionando a Aneel a tomar uma decisão final.

"Temos ainda a possibilidade de ir para Justiça, mas isso depende de decisão de acionistas", explicou o presidente.

Para captar recursos a usina deve recorrer a um empréstimo, que está sendo negociado com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Além disso, ainda esse ano devem também ser emitidas debêntures.

TURBINAS

A Santo Antônio Energia pretende chegar ao fim deste ano com 24 turbinas em operação.

Isso elevará a capacidade de geração da usina para 1.700 megawatts (MW), segundo Eduardo de Melo Pinto, diretor-presidente da concessionária. Hoje, estão funcionando 11 turbinas, com 783 MW de potência, o suficiente para abastecer cerca de três milhões de residências.

De acordo com o executivo, que apresentou hoje balanço de um ano das operações da hidrelétrica, 82% das obras foram concluídas. A previsão é que todas as 44 turbinas previstas no projeto, alcançando capacidade de 3.150 MW, fiquem prontas em novembro de 2015. O investimento total na usina será de R$ 16 bilhões.

Melo Pinto estima para maio a entrada em funcionamento da linha de transmissão entre Porto Velho e a Araraquara (SP), que escoará a energia das usinas do rio Madeira --Santo Antônio e Jirau-- para as regiões Sudeste e Centro-Oeste.

Por enquanto, a empresa usa um "arranjo provisório", com uma subestação coletora em Rondônia que permite escoar a eletricidade de até 14 turbinas. "Não tem havido desperdício de energia", disse o executivo. Como a hidrelétrica de Jirau ainda não entrou em operação, esse arranjo tem sido suficiente até agora.

O diretor-presidente da concessionária disse também que a Santo Antônio Energia deverá fazer, até o fim deste ano, a emissão de debêntures (títulos de dívida) incentivadas de infraestrutura. A hidrelétrica já foi enquadrada como "projeto estratégico" pelo Ministério de Minas e Energia.

A composição acionária da Santo Antônio Energia é a seguinte: 39% de Furnas, 20% do fundo de participações Caixa FIP Amazônia Energia, 18,6% da Odebrecht Energia, 12,4% da Andrade Gutierrez e 10% da Cemig.


Endereço da página: