Folha de S. Paulo


Acidente interdita hidrovia Tietê-Paraná e para transporte de grãos

Em meio ao caos no transporte da safra de grãos, um acidente mantém interditada há quase uma semana a hidrovia Tietê-Paraná, um dos principais corredores de escoamento da produção.

Ao menos 48 barcaças carregadas, com destino sobretudo ao porto de Santos, estavam impedidas de trafegar Ðe outras continuavam chegando. Pelo menos 24 mil toneladas de soja estavam paradas no rio Tietê.

A hidrovia Tietê-Paraná possui 2.400 quilômetros de vias navegáveis de Goiás até o Paraguai, passando por MG, MS, SP e PR e ligando os maiores Estados produtores de soja.

A interdição ocorreu depois que uma barcaça carregada com 18 mil toneladas de soja chocou-se contra uma torre de transmissão na última sexta-feira, na altura de Birigui (507 km de SP).

A torre caiu no rio. Com o impacto, outras duas torres foram derrubadas e três foram afetadas. Não houve vítimas e o abastecimento de energia não foi afetado.

A Capitania dos Portos informou que o tráfego não voltou ao normal porque ainda há risco causado por cabos de transmissão que continuam na água. Como não há rotas alternativas, as barcaças precisam esperar a liberação.

A Cteep, dona das torres afetadas, afirmou, em nota, ter mobilizado ªtodos os recursos necessáriosº para retirar a torre derrubada no rio e os cabos de transmissão.

A previsão é que a via volte a operar normalmente apenas entre os dias 3 e 4 de abril.

CUSTO

A Caramuru, maior usuária da hidrovia, informou nesta quarta-feira que tem quatro comboios com soja parado no trecho. O escoamento da soja e de farelo de soja para a exportação no Porto de Santos está sendo feita por caminhões.

Segundo César Borges, vice-presidente da Caramuru, a expectativa da empresa é que a via esteja liberada no próximo dia 3 de abril (quarta-feira).

"Durante esse período vamos usar caminhões para fazer a logística até o Porto de Santos, que é muito mais cara do que o uso do modal hidroviário", disse.

Segundo ele, o trabalho agora é o de reestabelecer um novo canal de escoamento. "Depois vamos avaliar qual o custo total e como podemos ser ressarcidos", afirmou.

A Caramuru deve transportar 1,3 milhão de toneladas de soja pela Hidrovia Tietê-Paraná este ano, 200 mil toneladas a mais do que transportou em 2012.

Em Pederneiras, as barcaças que sobem o rio Tietê são descarregadas e a soja então começa o trecho final até Santos em composições da MRS Logística.

O transporte hidroviário é feito com comboios, que são formados por um empurrador e pelo menos quatro barcaças.

Cada barcaça carrega até 6 mil toneladas, o equivalente a 162 caminhões bitrens (com sete eixos).


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