Folha de S. Paulo


Montes Claros atrai investimentos, cria empregos e qualifica mão de obra

Passados 155 anos de sua fundação, Montes Claros (MG) vive uma fase de desenvolvimento cuja intensidade nunca experimentara.

A 417 km ao norte de Belo Horizonte e com 370 mil habitantes, a cidade atraiu nos últimos dois anos 1.071% a mais de investimentos do que nos oito anos anteriores, segundo o número de negócios contabilizados pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do governo de Minas.

Montes Claros busca redesenho para evitar caos na mobilidade urbana

Editoria de Arte/Folhapress

Em 2011 e nos nove primeiros meses de 2012, foram R$ 820 milhões em investimentos, quase 12 vezes os R$ 70 milhões contabilizados no município de 2003 a 2010.

No último biênio, foram negociados diretamente com a prefeitura cerca de R$ 120 milhões, o que deve ser incrementado com R$ 260 milhões que devem vir dos negócios do novo shopping center e do hotel do grupo Coteminas.

Em abril, será inaugurada a fábrica da Alpargatas para produzir sandálias Havaianas e, pouco depois, uma unidade de máquinas e tratores da CNH (Grupo Fiat). Além disso, no último 12 de dezembro, a Petrobras ampliou sua unidade de biodiesel.

Foram gerados 110,4 mil empregos em Montes Claros entre 2009 e 2012, com variação positiva de 12,7 mil novos postos de trabalho, indica o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

Esses números positivos devem crescer mais com a nova frente de mineração de ferro que se abre na região, inserida na área da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), o que garante incentivos e facilidades de financiamento a empresas, forma de promoção do desenvolvimento regional.

Os benefícios fiscais concedidos na área têm peso importante na decisão das empresas de instalar seus negócios, induzindo forte crescimento do setor de serviços.

Nos últimos dois anos, chegaram a Montes Claros seis novas concessionárias, entre elas as de veículos importados, uma loja da grife francesa Lacoste e unidades do Burger King, Bob's e McDonald's, rede que voltou à cidade uma década após fechar sua loja por falta de demanda.

SOFISTICAÇÃO

Além do Montes Claros Shopping Center, que abriga as lanchonetes e passou por expansão, um shopping menor, o Ibituruna, foi aberto há três anos, voltado a um público com maior poder de compra. Há quatro meses, o cirurgião plástico Vitor Hugo Guimarães, 47, abriu loja no Ibituruna para vender 300 marcas de cerveja --a garrafa da belga Deus sai a R$ 168.

"Não tenho do que me queixar", diz Guimarães, que agora concilia a medicina com o comércio e uma fábrica artesanal de cerveja.

Montes Claros tem 20 instituições de ensino superior --são cerca de 30 mil universitários, o que ajuda a qualificar a mão de obra local.

"As coisas ficaram mais fáceis. Eu e minhas amigas pensamos o futuro sem ter que sair daqui", diz a estudante de administração Katywssia Fernandes, 27, vendedora em uma franquia da Havaianas.

A logística também favorece a "princesa do norte de Minas", apelido de Montes Claros, cortada por duas linhas da FCA (Ferrovia Centro-Atlântica).

Toda a produção da região é escoada por via férrea ao Nordeste e ao Sul, via Salvador e Belo Horizonte.

De 2009 para cá, o movimento no aeroporto local saltou de 2 para 12 voos diários.

O PIB per capita na cidade era de R$ 10,5 mil em 2009, último dado do IBGE.


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