Folha de S. Paulo


Produção industrial deve permanecer em ritmo lento, preveem analistas

O resultado negativo da produção industrial em novembro reflete uma realidade que deve se manter forte nos próximos meses, marcada pelo comprometimento do orçamento familiar com o consumo antecipado de automóveis e linha branca no segundo semestre de 2012.

A avaliação é de Flavio Combat, economista-chefe da Concórdia Corretora. Na comparação entre novembro e outubro, a produção industrial recuou 0,6%.

Combat explica que esses bens, que contaram com o benefício tributário da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), comprometem a renda familiar com prazos de financiamento alongados. Logo, a capacidade de consumo de quem os adquiriu também é reduzida por um período maior.

Em 2013, a questão do endividamento é algo que ainda vai pesar nos resultados da produção industrial. O empresário está atento a esse comprometimento do consumo futuro, que vem acompanhado de um aumento da inadimplência, diz Combat.

Para o economista, o resultado de novembro, somado à revisão de outubro, que passou de um crescimento de 0,9% sobre setembro para um avanço de 0,1%, aponta para um último trimestre negativo.

O quadro não configura um início de ano para indústria em ritmo de retomada. A herança é bem negativa [para 2013], especialmente para bens de capital e bens duráveis. As ações do governo não estão surtindo impacto sobre o investimento.

Já a economista do banco ABC Brasil Mariana Hauer, aponta a redução dos investimentos como um dos principais fatores que deprimem a atividade na indústria. A economista destacou, em nota, a queda de 1% da produção industrial em novembro na comparação com o mesmo mês de 2011.

Além de ter sido disseminada pelos diferentes setores, a retração foi intensificada pela queda de 10,3% no setor de bens de capital. Mais uma vez notamos que a queda de investimento se mostra presente nos números da produção industrial e parece ser a principal causa do fraco desempenho das atividades no setor, afirma a economista.

Para ela, o quadro não deve ser amenizado em dezembro, uma vez que indicadores da indústria para o mês --licenciamento de ônibus e caminhões, índice de confiança da indústria e consumo de energia elétrica-- não mostram melhora significante.


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