As preocupações com a privacidade estão se acumulando em torno da recém-anunciada ferramenta de buscas do Facebook, depois de ela ter sido usada para revelar listas de pessoas relacionadas com apoiadores do proscrito grupo chinês Falun Gong, e de empesas que aparentemente empregam racistas declarados.
O Graph Search, a resposta do Facebook ao buscador Google, foi lançado na semana passada pelo fundador da empresa, Mark Zuckerberg, com a promessa de que o novo recurso ajudará as pessoas a encontrarem amigos com interesses comuns. Críticos argumentaram que ele pode ser usado também para localizar informações comprometedoras a respeito dos usuários do Facebook, cerca de 1 bilhão de pessoas.
Robert Galbraith/Reuters | ||
Mark Zuckerberg apresenta a Busca Social (Graph Search, em inglês) em evento na sede do Facebook |
Um blog divulgou uma série de resultados de buscas polêmicas, mostrando até que ponto pessoas que compartilham fotos, informações pessoais e "curtidas" no Facebook podem ter sua privacidade invadida.
O Graph Search apresentou listas de familiares de pessoas que moram na China e curtem a Falun Gong; pessoas que curtem o grupo extremista de direita Liga Inglesa de Defesa, mas que também gostam de curry; e homens muçulmanos que estão interessados em outros homens e moram em Teerã, onde homossexuais são perseguidos.
Outras listas incluem empregados da rede de supermercados britânica Tesco que curtem cavalos, numa referência à descoberta de DNA equino nos hambúrgueres vendidos pela rede de supermercados, e cônjuges de pessoas que curtem o Ashley Madison, site de relacionamentos românticos para pessoas já comprometidas.
As buscas foram feitas e postadas pelo comentarista de tecnologia Tom Scott, que esteve entre os convidados a testarem o Graph Search antes que ele seja disponibilizado para o público como um todo.
Scott aconselhou os usuários do Facebook a conferirem suas configurações de privacidade. "Se algo seria incômodo se colocado num telão na Times Square, não coloque no Facebook", disse ele.
Os posts do blog foram censurados a fim de proteger as pessoas identificadas nas buscas, mas qualquer um que use a ferramenta diretamente teria acesso a informações como nome completo, local de residência, empregador, fotos e listas de amigos e familiares.
Scott também alertou que os resultados podem não ser confiáveis. Muitos membros usam o botão "curtir" ironicamente, e usuários mais jovens costumam listar amigos como sendo parentes.
"Há muita gente que posta informação genuinamente privada e comprometedora. É fácil que as pessoas na bolha midiática e tecnológica em que todos nós estamos se esqueçam disso", disse Scott. "Como já aconteceu tantas vezes no Facebook, esses dados sempre estiveram disponíveis - mas não eram tão fáceis de achar."
Questionado, o Facebook disse que o Graph Search não altera as configurações de privacidade previamente adotadas pelo usuário, e apenas mostra o que pode ser visto em outros lugares do site, de acordo com aquilo que as pessoas optaram por partilhar.
Tradução de RODRIGO LEITE.