Folha de S. Paulo


Korn encontra conforto melancólico em álbum que toca nesta quarta em SP

A melancolia de Jonathan Davis, 46, é o que alimenta o álbum mais recente do Korn, banda de nu-metal que emergiu nos anos 1990 aproveitando o buraco deixado pelo grunge, "The Serenity of Suffering", lançado em 2016.

"[O disco] joga luz à sensação de estar deprimido ou para baixo, nela eu me sinto em casa, encontro uma serenidade porque eu estive nesta situação tantas vezes", diz o vocalista Jonathan Davis, que empresta suas dores às composições que o Korn apresenta nesta quarta (19), no Espaço das Américas, antes de passar por Curitiba, na sexta-feira (21), e por Porto Alegre, no domingo (23).

Patrícia de Melo Moreira/AFP
Jonathan Davis durante show do Rock in Rio Lisboa
Jonathan Davis durante show do Rock in Rio Lisboa

Em conversa à Folha, ele conta que a obrigação de ser feliz já foi "como um espinho". "As pessoas deprimidas vão entender o que estou falando, parece que esse é o meu normal", diz. "Eu tenho um monte de coisas felizes na minha vida, eu tenho lindos filhos, mas às vezes fico deprimido, como todo mundo."

Basta escutar o single "Rotting in Vain", indicado ao Grammy de melhor performance de metal, para entender do que o músico está falando: "Cavando fundo dentro de mim/ Passando por essa agonia/ Eu não consigo fugir/ Outro dia apodrecendo em vão", diz um trecho.

O guitarrista Brian 'Head' Welch, que retornou à banda em 2013 –após uma briga com Davis cuja reconciliação levou oito anos–, não fala com a mesma naturalidade sobre a inspiração do disco.

"Parece que ele [Davis] deixa as pessoas o machucarem e aguenta isso; ele passou por muita coisa em sua vida pessoal. Ele diz que encontra força e serenidade em sofrer pelas pessoas que ama; não sei se isso é uma qualidade ou algo que machuca sua alma", disse o cristão Head em entrevista à revista especializada em música "NME".

Ainda que expressões de sua intimidade, o processo de composição das faixas não foi fácil para Davis, que "sentia como se estivesse regredindo" ao que a banda já havia criado. "Sempre quero avançar, criar novas coisas, obviamente estamos numa mesma trajetória, mas aí está algo novo e realmente bonito."

BULLYING

Quando não está à frente do Korn, Davis promove a campanha "Freaks Do It Better", da qual a renda arrecadada com vendas de camisetas é encaminhada a instituições antibullying e de prevenção ao suicídio.

"Eu sofria bullying todo tempo. Era horrível, eu sempre estava doente, vivia no hospital, cresci ouvindo a Duran Duran e as pessoas me enchiam o saco, me chamavam de gay", lembra. "Então eu sei o quanto dói, quero fazer algo para ajudar, estou tentando retribuir."

KORN
QUANDO 19h30 (abertura)
ONDE Espaço das Américas, r. Tagipuru, 795, tel. (11) 3864-5566
QUANTO R$ 280 a R$ 500, emingressorapido.com.br
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
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