Folha de S. Paulo


Série 'Legion' marca início de incursão do universo X-Men na televisão

A série "Legion" marca a primeira incursão do universo "X-Men" na era de ouro da televisão americana.

Mas não espere heróis com respostas engraçadinhas na ponta da língua, mutantes famosos e vilões formulaicos no melhor estilo Marvel no programa criado por Noah Hawley, o premiado showrunner da série "Fargo".

"Essa série é diferente de qualquer outra obra de super-heróis que você já tenha visto", diz a produtora Lauren Shuler Donner, que comanda a franquia mutante nos cinemas desde "X-Men" (2000), de Bryan Singer, e agora parte para a TV. "O cinema hoje em dia está muito concentrado nos efeitos especiais. A televisão permite que o foco seja nos personagens. Foi isso que me atraiu para o formato."

"Legion", que estreia nesta quinta-feira (9), às 22h30, no canal FX, é levemente baseada no personagem homônimo criado pelo roteirista Chris Claremont, "pai" dos mutantes modernos, e o desenhista Bill Sienkiewicz.

Nos quadrinhos, David Haller (nome verdadeiro de Legion) é filho de Charles Xavier, líder dos X-Men, e um dos mutantes mais poderosos do planeta. Potente e instável: cada personalidade que sua mente supostamente esquizofrênica cria possui um superpoder.

"David é diagnosticado como insano, então ele é mais extremo que outros super-heróis, que sempre lidam com quem são internamente", explica Dan Stevens, o dono do papel, retornando à televisão depois de sair abruptamente de "Downton Abbey".

A série realmente foge do padrão cinematográfico da Marvel e da DC, as duas maiores editoras de quadrinhos dos EUA. Hawley radicaliza sua aclamada mistura de humor negro, crítica à mediocridade suburbana e pitadas de psicodelia de "Fargo".

Encontramos Haller internado em um hospício sem saber se é louco, preso em uma narrativa fragmentada que vai de ataques telecinéticos a danças coreografadas, num encontro de Bollywood com Kubrick.

Hawley, como diretor e roteirista, não faz questão de mastigar nada, nem mesmo em que época estamos. Agentes de um grupo secreto do governo entrevistam Haller, residentes do manicômio surgem e desaparecem e uma batalha mutante toma forma no capítulo inicial.

A única coisa estável é a aparição de uma garota chama Syd Barrett (sim, o mesmo nome do perturbado gênio do Pink Floyd), por quem Legion se apaixona. Interpretada por Rachel Keller, ela não pode ser tocada -quando isso acontece, há uma troca de corpo.

"Tudo pode ser falso", diz o ator Stevens, que faz David Heller/Legion. "Pode ser que ela não exista, que seja apenas a manifestação de uma realidade criada pela mente. Mas David se entrega a esse amor".

A produtora Shuler Donner diz que "Legion", embora diferente, está inserida no "Universo X-Men" e não descarta referências apesar dos atritos entre Fox e Marvel -esta última deseja há anos recuperar os direitos de seus mutantes para o cinema e TV. "Não tive o menor problema com a Marvel, que nos apoiou e deu ótimas sugestões para a série", diz ela.

Por ora, no entanto, não haverá aparição dos personagens mais famosos. Mas isso pode mudar. Já há outra série mutante prevista para 2018, no canal Fox, com Bryan Singer na direção do piloto.

"Será totalmente diferente de 'Legion' e mais parecida com o tom dos filmes. Teremos mutantes e [os robôs] sentinelas, mas não posso dizer mais nada", afirma a produtora Donner.

NA TV
Legion
QUANDO quinta (9), às 22h30, no FX


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