Folha de S. Paulo


Após hiato de seis anos, Blitz retorna às raízes de sucesso em novo álbum

Divulgação
Evandro Mesquita (à frente) e os músicos da banda Blitz, que fazem show em São Paulo em janeiro, para lançar o disco
Evandro Mesquita (à frente) e os músicos da banda Blitz, que fazem show em São Paulo em janeiro

Após um hiato de seis anos, a Blitz retorna com um novo repertório a ser apresentado pela primeira vez em dois shows, nesta sexta (13) e neste sábado (14), em São Paulo. Novo, mas nem tanto. "Aventuras II" traz 13 inéditas e faz referência ao álbum de estreia da banda, "As Aventuras da Blitz", lançado logo depois de a banda ter virado mania nacional com o compacto "Você Não Soube me Amar", ambos de 1982.

Para Evandro Mesquita, ainda como a voz à frente da banda de rock brasileiro dos anos 1980, o novo trabalho conseguiu recuperar "a alma da Blitz". "Fizemos um trabalho mediúnico para enxergá-la mais nitidamente", brinca.

"Nada do que tocava na rádio tinha a ver com a gente", diz o vocalista sobre o contexto em que surgiu o grupo. "A gente queria agradar a turma da praia e conseguiu, agora fizemos um disco com essa alma, falando de coisas sérias, mas não de uma maneira panfletária".

As letras trazem micro crônicas cotidianas –que vão de redes sociais ("Pode Ser Diferente") a tentativas de se desvencilhar do vício do cigarro ("O Último Cigarro"), quase sempre como pano de fundo para os casos românticos do locutor–, envolvidas por um caldeirão de ritmos e backing vocals de Andréa Coutinho e Nicole Cyrne (postos ocupados por Fernanda Abreu e Márcia Bulcão na formação original).

As novas aventuras trazem participações de um elenco tão diverso que põe na mesma leva Zeca Pagodinho, Andreas Kisser (Sepultura) e Mc Cert (Cone Crew). A seleção dos convidados, que também inclui Seu Jorge, Frejat, Paralamas do Sucesso, Sandra de Sá e Alice Caymmi, foi feita aos poucos e por acaso, em "encontros nos aeroportos" durante o último semestre. "Essa mistura virou a marca desse disco, fazer isso e ainda sair uma coisa orgânica é um trunfo bacana", diz Mesquita.

Pela primeira vez, a banda gravou em seu próprio estúdio. "A gente fez do jeito que quis", diz o músico. "Na nossa época, de vinil, para você gravar um disco dependia de um estúdio monstruoso da Nasa que só as gravadoras tinham e, por isso, exerciam tanto poder sobre o artista". Apesar da observação, Mesquita afirma que a Blitz não sofreu desse mal.

"[A gravação do] segundo álbum foi mais dolorosa", diz o músico, lembrando das cobranças por hits como "Você Não Soube me Amar" e outros que não estavam no repertório. "Mas a Blitz era uma banda underground que vendeu mais de 1 milhão de compactos numa época de crise, então acharam bom não interferir", acredita.

Ele conta que, além das aparelhagens, está se arriscando também nas ilhas de edição. Fala com orgulho do clipe de "Nu na Ilha", faixa do novo álbum, que ele mesmo editou, e promete que vai "palpitar muito" na montagem do documentário dedicado à trajetória da Blitz, previsto para o início de 2018.

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BLITZ
QUANDO Sexta (13) e sábado (14), às 21h30
ONDE Teatro J.Safra, r. Josef Kryss, 318, tel. (11) 3611-3042
QUANTO De R$ 60 a R$ 180
CLASSIFICAÇÃO Livre


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