Folha de S. Paulo


Crítica

Atuações e eficiência salvam trilogia de autoajuda filmada

Quem mexeu na moda do cinema nacional de só fazer comédia? Já está em cartaz primeira grande produção de autoajuda filmada: "O Vendedor de Sonhos", adaptação da trilogia de livros de Augusto Cury que vendeu milhões de exemplares com ensinamentos transcendentais corporativos.

No longa, Dan Stulbach é Julio César, um psicólogo famoso que, ele mesmo precisando de um bom terapeuta, toma uma atitude drástica em relação a sua vida. Num momento pivotante ele se encontra com um mendigo misterioso, interpretado pelo uruguaio César Troncoso.

O monge e o executivo da psicoterapia firmam uma parceria. Passam a andar juntos e se metem em enrascadas que só servem para revelar a beleza oculta do mundo.

Divulgação
O vendedor de sonhos [O vendedor de sonhos, Brasil, 2016], de Jayme Monjardim (Warner). Gênero: drama. Elenco: Dan Stulbach, Cesar Troncoso, Thiago Mendonça. Classificação: a definir por http://culturadigital.br/classind ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Os atores César Troncoso, Thiago Mendonça e Dan Stulbach em cena à margem do rio Pinheiros

O roteiro é uma trança de pequenas parábolas que parecem saídas de um livro de pílulas como "Minutos de Sabedoria". Uma das mais icônicas é a do trombadinha que furta a bolsa da senhora. Quando o menino é encurralado, devolve o item à vítima que, iluminada pelas palavras do sábio andarilho, não perdoa seu algoz e ainda oferece R$ 50.

Melodramático do início ao fim, o filme conduz o espectador com rédea curta pela jornada de emoções que ele deve traçar. O momento do choro tem música triste e pausa para os soluços, só falta uma plaquinha piscando na sala escura: tristeza, raiva, pena de si mesmo e, do meio para o fim, vontade de mudar de vida.

Mesmo nadando num mar de melaço, que é o roteiro, os protagonistas se salvam dos tsunamis de cafonice da trama por meio de sua atuações.

Mesmo se valendo de chavões narrativos, o diretor global consegue imprimir alguma personalidade a um produto que é claramente o mais comercial possível.

A começar pelo primeiro personagem a tomar a tela, que não é o psicólogo nem o mendigo, mas a cidade de São Paulo. Monjardim retrata uma São Paulo inóspita, com uma beleza inesperada refletida em prédios de janelas espelhadas e nas águas da marginal Pinheiros.

É cafona, como toda autoajuda, mas eficiente, como as boas. Ou, como diria o próprio Stulbach: "Acho que vai ter gente que vai sair diferente do cinema. É isso que eu busco".

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O VENDEDOR DE SONHOS
DIREÇÃO Jayme Monjardim
ELENCO Dan Stulbach, César Troncoso, Dani Antunes
PRODUÇÃO Brasil, 2016, livre
QUANDO: em cartaz


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