Folha de S. Paulo


Deneuve diz que idade não deveria ser empecilho para sucesso de atrizes

Aos 73 anos, a musa do cinema francês Catherine Deneuve anda muito ocupada. Atua, recebe prêmios, se envolve nas causas sociais.

Depois de ter trabalhado por mais de cinco décadas, diz se sentir feliz por continuar ativa na Europa, onde as atrizes mais velhas enfrentam menos discriminação do que suas colegas em Hollywood.

LOIC VENANCE/AFP
(FILES) - A file picture taken on May 21, 2014 at the 67th edition of the Cannes Film Festival in Cannes shows French actress Catherine Deneuve posing during a photocall. Deneuve, who plays in the movie
A atriz francesa Catherine Deneuve durante festival de Cannes

"Há um desafio muito grande nos Estados Unidos quando se trata de envelhecimento, especialmente para os atores e atrizes", disse Deneuve à AFP em Hanói, no Vietnã, onde participou da apresentação da restauração digital do filme Indochina –no qual atuou em 1992–, rodado na ex-colônia francesa.

"Não estou dizendo que seja fácil na Europa, mas ali aceitamos com mais facilidade fazer filmes com mulheres que ocupem papéis de protagonista aos 40, 45 ou 50 anos, o que ainda é muito raro nos Estados Unidos", acrescentou Deneuve na última semana durante uma entrevista no Metropole Hotel.

Deneuve apareceu em mais de cem filmes, incluindo o papel de uma vampira bissexual em "Fome de Viver", com David Bowie, e de uma prostituta de luxo em "A Bela da Tarde". Atualmente continua rompendo os limites de gênero em uma indústria que se caracteriza por marginalizar as atrizes a partir de certa idade.

"É preciso tentar envelhecer o mais graciosamente possível, sem ficar obcecada com sua própria imagem. Há muita pressão para fazer isso e os atores podem facilmente cair na armadilha de pensar apenas nisso", acrescentou.

A atriz, que trabalhou com diretores como François Truffaut, Luis Buñuel e Roman Polanski, também se referiu a uma mulher que está rompendo os limites invisíveis da ascensão trabalhista feminina: Hillary Clinton.

"Acredito que é genial que já exista um presidente americano negro, e hoje há uma grande oportunidade, ao menos é o que espero, de que uma mulher seja a líder dos Estados Unidos".

INDOCHINA

Deneuve estrela um filme que sairá em breve, "Bonne Pomme", com Gerard Depardieu, e recentemente foi reconhecida com o prêmio Lumière na França. Dedicou-o aos agricultores de seu país.

Em "Indochina", agora remasterizado, Deneuve vive uma mulher que administra uma plantação de árvores e que vive com sua filha adotiva.

A produção francesa foi a última a vencer um Oscar de melhor filme estrangeiro, em 1993. Deneuve foi indicada por seu papel nos prêmios americanos e ganhou um segundo César, o Oscar francês, como melhor atriz.

"Acompanhar um filme até o Oscar e em todos os países é muito forte e algo bastante incomum para uma atriz", conclui.


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